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Queria cantar em palco, até aos 100 anos. Não conseguiu. Mesmo assim, cantou para além dos 90. E deixou um repertório formi... formi... formi... formidável. Ao longo da semana, o grande João Gobern deixa 5 retratos "à la minute" de Aznavour - que não pode ser considerado pequeno, porque um "Génio Não se Mede aos Palmos".
Para ouvir, aqui:
https://www.rtp.pt/play/p13455/e770514/charles-aznavour-o-genio-nao-se-mede-aos-palmos
Há cerca de 4 anos, eu andava muito ocupado. A minha tarefa era simples, mas de extrema importância: sobreviver. Uma doença súbita, deixou-me perto da morte. E eu não estava com vontade nenhuma que tal viesse a acontecer. Uns meses mais tarde, encontrei, num restaurante, uma das médicas que impediu a minha morte. Cumprimentei-a. Ela respondeu e sorriu. Trocámos meia dúzia de palavras. Até que ela me perguntou: “Desculpe, de onde é que nos conhecemos?” Respondi que nos conhecíamos do hospital. E que tentámos, os dois, salvar a minha vida. Com sucesso, como dava para ver. Voltou a sorrir e despedimo-nos.
Fiquei a pensar como é que possível os médicos fazerem tanto por uma pessoa que, passado poucos meses, já nem sequer reconhecem. Para mim, aquela médica estava associada à minha vida. Para ela, eu tinha sido um doente, uma vida. Assim, em abstrato.
E a vida, também, é isto. Estamos ligados a pessoas, que não conhecemos, verdadeiramente; algumas, nem sequer nos reconhecem; mas que, para nós, são da maior importância. Importância que elas desconhecem. Pensei nisto tudo, ao receber a notícia da morte do Pedro Rolo Duarte.