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Kristalina Georgieva pediu folga ao patrão para ir para a ONU. O patrão deu folga e, até, encorajou Kristalina… Angela Merkel apoia. Portugal espanta-se. Guterres já venceu cinco batalhas, mas arrisca-se a peder a guerra. Marcelo diz que Kristalina parece uma atleta que entra para a maratona, a 100 metros do fim. Mas lembra que Guterres é um "maratonista natural". Felizmente, Portugal tem tradição na maratona.
Mas anda batota no ar, lembrou-nos Freitas do Amaral - homem que percebe de ONU. Kristalina veio substituir a candidatura de Irina Bokova, a anterior búlgara de serviço, que perdeu todas as votações. Na segunda-feira, Kristalina vai ser ouvida na ONU. Não se sabe para que é que serviram as votações informais anteriores. Só se "votação informal" significar “votar, até vencer o que eu quero”.
Antigamente, havia a Cristalina. Uma laranjada honesta: xarope de açúcar, ácido citrico e sumo de fruta. Era uma refrefrigerante hidro-carbo-gaseificado… Não era sumo detox. Nós sabíamos isso. Era claro como a água. A candidatura de Georgieva não é Kristalina. É turva.
Já temos, finalmente, uma explicação para o caso Barroso. O antigo presidente da Comissão Europeia perdeu o direito à passadeira vermelha. Paulo Rangel tem a explicação: a Comissão Europeia está a tentar prejudicar a candidatura de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas. Rangel (que foi braço direito de Rui Rio, candidato à liderança do PSD e é eurodeputado e vice-presidente do PPE) não encontra outra explicação para a forma como Durão Barroso está a ser tratado. É verdade, eles não querem saber de Durão Barroso. Nem querem saber da Goldman Sachs. Eles querem é prejudicar Guterres. Eles querem é prejudicar Portugal.
Eu iria mais longe. Depois de terem dado o Mundial 2018 à Rússia, em vez de Portugal, eles não querem a selecção portuguesa no Mundial. E eles sabem que nós somos favoritos. E ninguém me tira da cabeça que esta história foi tornada pública na véspera do Benfica - Besiktas (reparem no empate). Parece que gostam mais dos Turcos e de Erdogan, do que de nós e o nosso Guterres. E esta semana há Real Madrid - Sporting e Porto - Copenhaga. Estão a ver a ligação? Querem-nos atirar para fora da Europa e do mundo, é o que é. Durão é só um pretexto. E o mais incrível, é que Rangel é o único a ver isso.
“Durão Barroso deixa de ter tratamento VIP”. “Durão Barroso perde o direito a Passadeira Vermelha”. Os títulos poderiam ser sexy, mas são só hilariantes. Tratar o antigo presidente da Comissão Europeia como uma estrela de Hollywood (ou como uma estrela de reality shows) é ridículo. Diz muito da situação em que Durão Barroso se colocou , mas também diz muito do quadro de análise dos media.
O que se passa é que, ao deixar a Comissão Europeia, Durão Barroso optou por ir trabalhar para o banco de investimento Goldman Sachs. E o actual presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, diz que, por isso, Durão Barroso vai ser tratado enquanto funcionário da empresa e não como ex-presidente. Parece razoável. E óbvio. Devia ter sido óbvio, para Durão Barroso, que a sua entrada para Goldman Sachs iria levantar muitas questões: sobre as instituições europeias; sobre as relações entre a política e o poder económico; sobre incompatibilidades e conflitos de interesses; e sobre o seu papel, no meio de tudo isto. A forma como é recebido é uma questão lateral.
E reduzir a situação a uma questão de “passadeira vermelha” é deixar a política nas mãos da imprensa cor de rosa.