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O senhor Trump está na televisão a dizer que o país voltou a ser independente. Alguém explique ao senhor Trump, que o Reino Unido não é bem um país. É mais um conjunto de "países". E que alguns desses "países" não querem sair da União Europeia (UE). E que, já agora, estava a falar num desses "países": a Escócia. Esse "país" votou, maioritariamente, "Remain" e quer, agora, fazer um referendo para votar a possibilidade de se separar do Reino Unido, permanecendo na UE. E que a Irlanda foi um "país", que se dividiu em dois. Agora, uma parte vai continuar no Reino Unido, que vai sair da Europa - apesar de ter votado na manutenção, e a outra parte, que tinha saído do Reino Unido, mas vai continuar na UE. E, entretanto, expliquem também ao senhor Trump, que as pessoas daquela zona ainda há pouco tempo andavam à porrada, aos tiros e às bombas. Ali e na capital do Reino, que também votou "remain".
A questão não é saber se concordamos, ou não, com o senhor Trump. A questão é que o senhor Trump não faz nenhuma ideia do que está a defender. E isso seria caricato, se não fosse perigoso. Tem graça quando falamos da eleição da Miss Mundo. Não tem, quando falamos do futuro da Europa, dos Estados Unidos e do mundo como o conhecemos…
Mas isso, devo ser eu que não percebo… Como não percebo Boris Johnson todo contente a dizer que ganhou a sua campanha de independência, mas que não tem pressa nenhuma em sair. Ai não!? Eu acho que para perceber melhor Trump, Johnson e o mundo, tenho de deixar de acompanhar a informação e passar a ver reality shows e ler revistas de cabeleireiros. E será essa a altura, em que passarei a perceber melhor os penteados dos dois senhores. Mas será, também, a altura em que perceberei que o mundo está mesmo assustador…
Paulo Ferreira desvenda, no Sapo, a eterna questão do ovo e da galinha. A propósito dos baixos salários, pergunta: em Portugal, a produtividade é baixa, por causa dos baixos salários, ou o contrário? Para Paulo Ferreira não há dúvidas: os salários são baixos porque a produtividade é baixa. Mas, então, porque é que temos tantos gestores pagos acima da média europeia? Aqui, as galinhas já não explicam.
E, para falar de produtividade, dá o eterno exemplo da Irlanda. Não tenho a certeza que a Irlanda seja um bom exemplo para nós. Grande parte da sua economia vive da ligação aos Estados Unidos, através das suas comunidades e da ligação linguística, e das grandes empresas multinacionais, que se instalam na Irlanda devido à sua fiscalidade competitiva. Sabemos bem o que isso significa: temos fiscalidade competitiva no Luxemburgo, ou no Panamá.
Mas, claro, podemos aprender algumas coisas. Os irlandeses fizeram menos estradas, por exemplo. Aqui estaremos de acordo. Primeiro, devíamos ter aumentado a produtividade e só depois criado as estradas, para escoar os nosso produtos. Como fizemos as estradas primeiro, produzimos o mesmo, moramos no mesmo sítio, mas vamos à terra com mais rapidez. Sobretudo, os que fazem da baixa produtividade, a galinha dos ovos de ouro.