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No livro "Uma terra prometida", Obama aborda a saída americana da crise. Apesar de, na altura, se ter saído bem, foi muito criticado por se ter voltado, rapidamente, à normalidade - sem ter aproveitado a crise para definir "um novo normal". Isso passava por identificar as causas da crise, criminalizar os responsáveis, definir novas regras, proteger os mais indefesos. Obama compreende as críticas e, de certa forma, partilha-as. Mas, defende que era urgente manter a ordem de pé, antes de a mudar. Porque, perante uma crise, quem sofre primeiro, e durante mais tempo, são os mais desprotegidos. A crise a que Obama se refere é a crise financeira de 2008, mas é impossível não pensar na crise atual. Durante o seu mandato, Obama foi criticado à esquerda e à direita; por democratas e republicanos; conservadores e progressistas. Porque fez demais, ou de menos; porque foi demasiado rápido, ou lento; demasiado conservador, ou liberal. Fica, no entanto, a convicção de que tentou, sempre, pesar os prós e os contras, em cada decisão. Barack é sólido. Obama, mas não cai.
Pence, logo existe.
https://www.rtp.pt/noticias/mundo/pence-recusa-invocar-25a-emenda-para-destituir-trump_n1289016
"O populismo faz parte da democracia?", perguntou o jornalista António Jorge, esta manhã, na Antena 1. "Faz", respondeu António Costa Pinto, "A maioria das democracias não são derrubadas por golpes de estado e revoluções. São derrubadas a partir de dentro". E deu os exemplos recentes dos regimes autoritários e populistas da Polónia, da Hungria e da Turquia. O historiador e politólogo não teve dúvidas: a invasão do Capitólio não foi uma ação folclórica de um grupo de radicais de extrema-direita, foi organizada a partir da presidência. E isso, justificará a falta de reação das forças de segurança. Afinal, Trump ainda é presidente e, como tal, responsável máximo das forças armadas. Trump, como todos os líderes populistas, gosta de lei e ordem: mas só quando lhe convém. Já agora, uma coincidência trágico-cómica: a invasão do Capitólio decorreu no mesmo dia em que Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura debatiam as diferenças entre a direita social e a direita securitária.
Parece que, para muita gente, discutir a ameaça do populismo e do nacionalismo é uma coisa muito esotérica: "ah, os valores e tal"; "pois, os princípios e coiso"; "sim, os pobres e as minorias". Vamos a coisas concretas: esta semana, os governos da Polónia e da Hungria (e, agora, da Eslovénia) decidiram vetar 750 mil milhões de euros, para a Europa fazer frente ao impacto económico da Covid-19. Uma retaliação pelo facto da Europa sublinhar valores como a democracia e a liberdade. Mais concreto, ainda: com isso, os governos da Polónia e da Hungria bloquearam 15,3 mil milhões de euros a Portugal. A mim, parece-me que é muito dinheiro. Talvez, por ser um idealista. Seguramente, por ser um teso.
Com a derrota nas eleições, toda a gente fala mal dos trompistas. Não concordo. São gente boa. Merecem ser ouvidos.
António Costa fala à meia noite, Joe Biden à uma da manhã. Os discursos políticos são a nova Febre de Sábado à Noite. O divertimento possível, em tempos de pandemia.
Esta noite, fui para a cama banhado em lágrimas. Ouvi Donald Trump, a queixar-se, com razão, do grande capital. Esses milionários que não apoiam gente pobre, como ele, que qualquer dia não tem dinheiro para pagar as despesas - água, luz, gás - da sua pequena torre em Manhattan.
Quem diria que iríamos ter o Autoproclamado Estado Americanico? Custa a dizer, eu sei. Mas, se tiver de ser, a gente habitua-se.
A terra tremeu, ao início da tarde, entre a Grécia e a Turquia. Já há notícias de mortos, dezenas de feridos, e muita gente soterrada. Vários edifícios, públicos e privados, caíram. Uma nuvem de pó une os dois países, que há décadas vivem de costas voltadas. De resto, este desastre natural acontece numa altura em que há uma nova escalada na tensão, entre os dois países. Mas, a natureza não quer saber das divisões entre os homens. Trata tudo e todos por igual.
Estados Unidos: "Estou praticamente decidido a concorrer a presidente. O que o país quer é um candidato que não se deixe ferir por investigações ao seu passado, para que aos inimigos do partido seja impossível desencantar uma história que não seja já de todos conhecida. Se, à partida, se souber o pior acerca de um candidato, todas as tentativas de o surpreender serão derrotadas". Com eleições presidenciais à porta, é impossível não pensar num candidato. Mas não será difícil pensar noutros candidatos, neste ou noutros países, cujos defeitos se transformaram (aos olhos do leitorado) em feitio. O populismo não é coisa de agora. O texto, hilariante, é de 1879. Escreve o criador de Tom Sawyer e Huckleberry Finn: "O boato de que eu teria enterrado uma tia debaixo da minha videira é autêntico. A vinha precisava de adubo, a tia precisava de ser enterrada, e eu consagrei-a a este nobre propósito. Tornar-me-á isso indigno da presidência?" - pergunta Mark Twain. Boa pergunta!