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É o bicho

por Miguel Bastos, em 27.02.24

vamos a votos.jpg 

O coelho, o lobo mau e os pássaros do sul. A campanha está na rua. E está na rádio. "É o bicho!", dizem, "É o bicho!" Para devorar, aqui.

https://www.rtp.pt/play/p12841/e750985/vamos-a-votos

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A democracia

por Miguel Bastos, em 29.12.22

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Há uns anos, uma jornalista muito habituada a ser notícia queixava-se - em direto, na televisão - de ser alvo de censura e de haver falta de liberdade de expressão, em Portugal. Apresentou argumentos, vitimizou-se, apontou o dedo a vários políticos, atacou. Um comentador, em estúdio, discordou. Se havia censura, como é que a jornalista estava a ter tantos minutos de "tempo de antena", num jornal televisivo, em horário nobre? É preciso usar as palavras, com cuidado. A democracia faz-se com palavras. Que as palavras sejam usadas: para elogiar, para criticar. E, "com cuidado" não significa "com cuidadinho". Significa ter algum rigor na sua utilização. Ser alvo de censura e falar em direto no telejornal das oito é uma contradição evidente.
 
Os acontecimentos políticos, dos últimos dias, trouxeram os discursos populistas da praxe, com críticas à democracia e alusões, mais veladas ou mais explicitas, a outras formas de regime. Ora, o que está a acontecer é a democracia: com os seus defeitos, com as suas virtudes. Uma secretária de Estado tinha saído da administração da TAP, com uma indeminização que chocou a generalidade das pessoas. O presidente da República fez perguntas e declarações públicas. A oposição pediu responsabilidades e a cabeça de responsáveis. As demissões sucederam-se. Os partidos multiplicam-se em declarações e iniciativas, entre elas, uma moção de censura e o pedido de eleições antecipadas.
 
Os portugueses podem e devem criticar o governo: este governo, qualquer governo. É isso, a democracia. Felisberto Desgraçado, personagem inventado por Herman José, defendeu que “A democracia foi feita para ter um único partido. Se Deus quisesse que a gente tivesse mais partidos tinha-nos feito aos bocados”. Winston Churchill afirmou que "A democracia é o pior dos sistemas, com exceção de todos os outros.” Desculpa, Desgraçado, mas vou pelo segundo.
 
[Fotografia: António Cotrim/LUSA]

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Isto ainda não é a Ucrânia

por Miguel Bastos, em 04.05.22

Por um lado, faço um esforço por estar, cada vez mais, atento à atualidade. Por outro, aprecio, cada vez mais, a minha "distração". Há pouco, apercebi-me que hoje não tinha passado os olhos pelo Diário de Notícias. Agora, acabo de me aperceber que estou a ler o jornal de segunda-feira. Não lamento. Pelo contrário. Acabo de ler a coluna do jornalista Paulo Baldaia "Isto ainda não é a Ucrânia". Alerta o autor que a presença da embaixadora da Ucrânia no desfile "alternativo" do 25 de Abril, protagonizado pela Iniciativa Liberal, e a sugestão da ilegalização do PCP, por parte do presidente da Associação dos Refugiados Ucranianos, são muito questionáveis. Num tempo de trincheiras, Paulo Baldaia recorre a uma expressão que associo à tropa que não fiz: "à vontade não é à vontadinha". Lembra, a seguir, que, em Portugal, não está em curso qualquer "processo de descomunização". E, depois, defende a liberdade. A mesma liberdade que usa, para criticar o PCP. A mesma liberdade que usa, para apoiar o povo ucraniano. A mesma liberdade: para criticar o governo russo ou o governo ucraniano. A liberdade devia ser igual para todos. Mas sabemos, todos, que não é.

Pode ler o artigo aqui:

https://www.dn.pt/opiniao/isto-ainda-nao-e-a-ucrania-14816661.html

 

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Insondagens

por Miguel Bastos, em 31.01.22

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Portanto, se bem percebi: são insondáveis os caminhos deste senhor.

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Dissolução

por Miguel Bastos, em 05.11.21

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Desculpem o "politiquês" e o "juridiquês", mas, em situações de grande complexidade, é inevitável recorrer a uma linguagem mais técnica: "Em Portugal o Presidente tem um poder do caraças". António Franco, antigo Chefe da Casa Civil do Presidente Jorge Sampaio.

[José Pedro Castanheira (2017), Jorge Sampaio, Uma Biografia, ıı volume - O Presidente, pag. 701]

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Nuvens negras

por Miguel Bastos, em 29.10.21

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Por estes dias, trocam-se acusações entre a esquerda e a direita; entre os vários partidos de esquerda; e entre os militantes dos partidos da direita, que vão para eleições internas. Portugal vai para eleições porque, supostamente, precisa de uma clarificação. Antes da clarificação, porém, as coisas vão ficando mais negras.

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Valha-nos Santo António!

por Miguel Bastos, em 13.06.21

Foto Manuel de Almeida Lusa.jpg

Surpreendente. Apesar da decisão da Câmara, apesar do parecer da DGS, apesar da duplicação do número de casos de infecção, a Iniciativa Liberal realizou o seu arraial para libertar Santo António. Houve marchas, fados, sardinha e bifanas. Estou desapontado. Se era para usar um privilégio contra o Estado, contava com um "cocktail", "casual chic", à hora do "sunset", num "rooftop" de "LX".
[Foto: Manuel de Almeida/Lusa]

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MEL de esquerda

por Miguel Bastos, em 27.05.21

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Acompanhei, com interesse, a convenção das direitas. Tão plural, que deixou entrar pessoas de esquerda, como Rui Rio. O nome "MEL" também é bom. Fica no ouvido. Mas, parece pouco rigoroso. Que tal "Ninho de vespas"?

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Um bocado de mel

por Miguel Bastos, em 25.05.21

O MEL - Movimento Europa e Liberdade está a realizar uma convenção, em Lisboa, que tem como objetivo contribuir para a convergência da direita, em Portugal. Vamos a convergências:
O líder da Iniciativa Liberal acusou o PSD de ser refém do Partido Socialista e de fazer o discurso do Bloco de Esquerda e do PCP. Depois, numa referência ao Chega, declara que nunca apoiará o populismo.
O Vice-Presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, do PSD, considera que a discussão sobre a convergência à direita é "extemporânea", reconheceu que Rui Rio não vai ganhar as próximas eleições e que a solução passa por eleições internas.
A deputada do CDS-PP, Cecília Meireles, considera que, primeiro, os partidos têm que se organizar, internamente, mas admitiu que a direita tem de começar a discutir "o que quer para o país", para não fazer "fretes ao PS".
O vice-presidente do Chega, Nuno Afonso, diz que, apesar de dizerem que não fazem governo com o Chega, a Iniciativa Liberal e o PSD estão "a alimentar o sapo que mais cedo ou mais tarde vão ter de engolir".
Tanta convergência fez-me lembrar uma canção de Gonzaguinha, daquelas de partir o coração, que Maria Bethânia cantou num disco que, curiosamente, se chama "Mel":

Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça
Me bota na boca
Um gosto amargo de fel

Depois
Vem chorando desculpas
Assim meio pedindo
Querendo ganhar
Um bocado de mel

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