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O jornal que me deu a conhecer Calvin e Hobbes e o nosso genial Luís Afonso, faz capa com o mestre Quino e homenageia Mafalda na última página. Que bonito! Obrigado Público!
Quando morre um humorista, o mundo fica com menos graça.
Só à terceira vez é que apanhei o “Treze”, o novo programa da RTP. É um programa interessante. Faz-se uma lista com os treze maiores nome de uma determinada área e, depois, um painel discute os méritos dos escolhidos. Esta semana, escolheram-se os Reis do Humor, em Portugal (ganhou Herman José). Nas semanas anteriores, falou-se de heróis e de futebol.
A receita é simples. Homenageiam-se nomes da cultura portuguesa, num programa com uma estética pop e irreverente e uma linguagem fresca e moderna. A apresentadora (Sílvia Alberto) tem a imagem e o registo certo. Os comentadores (António Pedro Vasconcelos, Catarina Molder, David Ferreira + um convidado) também foram bem escolhidos. Serviço público, portanto.
Só não percebi muito bem a escolha do número treze. O programa escolhe 13 nomes, de acordo com uma categoria. Mas, porquê 13 e não 10, ou outro número redondo? Também não percebi quem faz a lista, porque os comentadores só a comentam: não participaram na escolha dos nomes, nem na sua ordenação. Mas é bom ver Portugal a celebrar-se de forma desempoeirada. Numa programação tão azarada, “Treze” acaba por ser um número de sorte.
Herman regressa hoje ao humor. E, ainda por cima, com Maria Rueff. Juntos, trazem de volta uma dupla hilariante: Nelo e Idália. Ela cita existencialistas franceses; ele cantores pimpa. Ela domina a língua portuguesa; ele não domina nenhuma. Nem a sua. Por isso, diz coisas como “paletes de gajas” ou “apertar o círculo”. Ela cerra os punhos para se conter, ele abana a carteira de mão. Ela só pensa nele; ele só pensa no Zé Carlos. Triste e hilariante, ao mesmo tempo.
Nelo e Idália é das melhores criações do humor em Portugal. Nasceram num talk show e agora ganham espaço próprio. Estou entusiasmado. Sempre me pareceu um enorme desperdício ter o grande humorista a fazer concursos e talk shows e a melhor actriz de comédia fora da televisão. A direcção da RTP percebeu isso. Ainda bem. Oxalá o programa resulte.
Com os Gato Fedorento de volta para o exílio e Marcelo fora da TVI, haja alguém que nos traga alegria.
O Observador recorda-nos hoje, que Herman faz 61 anos, através de uma selecção de nove expressões. São bordões que continuamos a dizer, muitas vezes sem fazer associação ao autor. Ou seja, estão-nos entranhadas como uma canção popular, que caiu no domínio público.
Vamos escrever um banalidade? Cá vai: Herman é genial! É mesmo.
Porém, o que tem feito Herman? Se olharmos para o seu percurso televisivo desde “O Tal Canal”, que revolucionou o humor em 1983, temos cinco programas de humor, em mais de 30 anos de televisão.
Neste período, Herman deixou, ainda, de fazer teatro ou outro tipo de espetáculos. Esteve na rádio (com excelentes programas) mas fez, sobretudo, televisão. Que televisão?
Herman, o comediante genial, transformou-se num apresentador banal. Fez talk-shows e concursos, anos a fio, e quando se mudou para a SIC aproximou-se da televisão de Berlusconi.
Regressou à RTP, para fazer um talk-show e um, agora, um programa de day-time igual a qualquer outro. Que desperdício de talento. Queremos “O verdadeiro artista” de volta!
E ele, quer?