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Os doces vinham de Santa Iria de Azóia. Os refrescos também. Os sabonetes vinham de Santa Iria de Azóia. E os desodorizantes e os champôs. O detergente da roupa vinha de Santa Iria de Azóia. Bem como, o pó para a cozinha; o creme para a casa de banho; o líquido para os vidros. Na minha cabeça, a procurar palavras e a decifrar enigmas nas embalagens dos produtos domésticos, Santa Iria da Azóia era um oásis de coisas boas, para comer e cheirar. Um farol de modernidade. O que havia de mais parecido com Nova Iorque, em Portugal. Eu queria ir a Santa Iria de Azóia. Até que fui. E não, não é parecido.
A Sofia chegou esta semana. Acaba de reparar que não trouxe os seus produtos de higiene e limpeza. "Não faz mal", digo eu, "não faltam produtos por aí". "Mas eu gosto muito dos meus", responde, "são naturais". A Sofia preocupa-se muito com o ambiente. De modo que, depois de uma consulta rápida na internet, vai até à localidade mais próxima, comprar os produtos que lhe fazem falta. Como não encontra o que procurava, acaba por ter que ir à localidade seguinte. Regressa, passados 80 quilómetros. Para ela faz sentido: o ambiente merece e agradece. Não vale a pena tecer muitas considerações sobre a opção da Sofia. Até porque - uns mais, outros menos - somos todos sofias.