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Herman regressa hoje ao humor. E, ainda por cima, com Maria Rueff. Juntos, trazem de volta uma dupla hilariante: Nelo e Idália. Ela cita existencialistas franceses; ele cantores pimpa. Ela domina a língua portuguesa; ele não domina nenhuma. Nem a sua. Por isso, diz coisas como “paletes de gajas” ou “apertar o círculo”. Ela cerra os punhos para se conter, ele abana a carteira de mão. Ela só pensa nele; ele só pensa no Zé Carlos. Triste e hilariante, ao mesmo tempo.
Nelo e Idália é das melhores criações do humor em Portugal. Nasceram num talk show e agora ganham espaço próprio. Estou entusiasmado. Sempre me pareceu um enorme desperdício ter o grande humorista a fazer concursos e talk shows e a melhor actriz de comédia fora da televisão. A direcção da RTP percebeu isso. Ainda bem. Oxalá o programa resulte.
Com os Gato Fedorento de volta para o exílio e Marcelo fora da TVI, haja alguém que nos traga alegria.
O Observador recorda-nos hoje, que Herman faz 61 anos, através de uma selecção de nove expressões. São bordões que continuamos a dizer, muitas vezes sem fazer associação ao autor. Ou seja, estão-nos entranhadas como uma canção popular, que caiu no domínio público.
Vamos escrever um banalidade? Cá vai: Herman é genial! É mesmo.
Porém, o que tem feito Herman? Se olharmos para o seu percurso televisivo desde “O Tal Canal”, que revolucionou o humor em 1983, temos cinco programas de humor, em mais de 30 anos de televisão.
Neste período, Herman deixou, ainda, de fazer teatro ou outro tipo de espetáculos. Esteve na rádio (com excelentes programas) mas fez, sobretudo, televisão. Que televisão?
Herman, o comediante genial, transformou-se num apresentador banal. Fez talk-shows e concursos, anos a fio, e quando se mudou para a SIC aproximou-se da televisão de Berlusconi.
Regressou à RTP, para fazer um talk-show e um, agora, um programa de day-time igual a qualquer outro. Que desperdício de talento. Queremos “O verdadeiro artista” de volta!
E ele, quer?