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"Cabeça de abóbora", costumava chamar-me o meu pai, sempre que eu me esquecia de alguma coisa. Não percebia a ligação entre as abóboras e a minha cabeça: distraída e sem juízo. Lembro-me de lhe perguntar o significado da expressão, mas não me lembro da resposta. "Comes muito queijo", diria o meu pai. Provavelmente, não valeria a pena insistir na pergunta. Correria o risco de ouvir outra das suas expressões: "Abóbora, que arroz é água". Abóbora, no dia dela.
Nas montras do comércio tradicional e dos shoppings; nos sites, nos blogs, nas redes sociais, temos “Black Friday". O que é? São saldos, nesta sexta feira. Porquê “Black Friday"? Como não fazia ideia, fui investigar… Podia ter ido à Torre do Tombo ou à Biblioteca do Congresso, mas não foi preciso. Está na Wikipedia. No dia a seguir ao Dia de Ação de Graças (ou deverei dizer Thanksgiving Day?), as lojas fazem aquilo que melhor sabem fazer: vender coisas. E, para venderem muito, baixam os preços. São saldos de Natal, em suma.
Mas isso, não tem pinta (deverei dizer “style”?). “Saldos de Natal” é pelintra. “Black Friday” é “cool”. Confesso que estou a ferver de entusiasmo. A “Black Friday" é a maior invenção desde a “casual friday”, que é quando os executivos brincam aos jovens: irreverentes, mas com o “dress code” adequado. Enfim, são tradições como o “halloween”, o “ice bucket challenge”, ou as “selfies”. Temos uma palavra portuguesa para a “Black Friday”? Temos, é esta: “parvoíce”.