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As bruxas

por Miguel Bastos, em 16.03.23

bruxas.jpg 

A Segunda Guerra terminava e começava uma nova. A Guerra Fria fez crescer o medo do comunismo e trouxe um clima de paranóia, vigilância e perseguição para o interior dos Estados Unidos. Os mais afetados foram, sobretudo, os intelectuais e os artistas. Este período ficou conhecido como "macarthismo". O processo como a "caça às bruxas". Foi neste contexto, que o dramaturgo Arthur Miller voltou ao caso das Bruxas de Salém. A história, verídica, remete para o século XVII, quando várias pessoas de uma pequena povoação foram perseguidas e julgadas por bruxaria. Arthur Miller descreve bem o ambiente de intimidação e horror, em que uns acusam outros, em que uns são jogados contra os outros, num processo irracional e autodestrutivo.
 
Numa altura em que a qualidade da democracia é ameaçada pelo crescimento do populismo, pelo poder desregulado das redes sociais, pela nova cultura do cancelamento, por novas caçadas a bruxas, o encenador Nuno Cardoso leva a peça As Bruxas de Salém, ao palco do Teatro Nacional São João, no Porto. Arrepiante. Inquietante.
 
[Fotografia: TNSJ]

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Morte soviética

por Miguel Bastos, em 14.06.22

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Brejnev morreu em 1982, depois de ter governado a União Soviética durante 18 anos. Há muito, que estava velho e cansado. O sucessor foi Andropov. Mas, este, estava velho e doente. Morreu, dois anos depois. Seguiu-se Chernenko. Morreu, passado um ano. Parece uma história, fantasiada por García Márquez; mas é a História, sintetizada por Odd Arne Westad (A Guerra Fria, 2017). Escreve o historiador: "Um amigo meu que vivia em Moscovo na altura contou que o filho de seis anos se habituou de tal maneira a ouvir a marcha fúnebre de Chopin na televisão que julgou ser o hino nacional soviético". Chopin não era soviético. Morreu novo.

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Guerra fria

por Miguel Bastos, em 11.05.22

telefone vemelho.jpg

Leitura, com acessório de época.

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Compreender a guerra

por Miguel Bastos, em 22.04.22

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Compreender não é sinónimo de aceitar, nem de concordar, nem de justificar. Por exemplo, ao longo dos anos, tenho tentado "compreender" como é que foi possível Hitler conquistar tantos países europeus, em tão pouco tempo. Chamar-lhe ditador (que era), louco (sim), racista (claro), criminoso (pois), etc. não explica tudo. A verdade é que Hitler beneficiou do medo de uns e da indiferença de outros, da ingenuidade de uns e da cumplicidade de outros. Quando invadiu metade da Polónia, já tinha acordado, com Estaline, que a União Soviética invadiria a outra metade. Muitos dos países que a Alemanha invadiu, tinham largas fatias de população que simpatizava com o nazismo: fosse em França ou na Ucrânia. A União Soviética só mudou de ideias sobre o pacto de não-agressão, assinado com Hitler, quando já tinha tropas nazis no seu território. Os Estado Unidos só perceberam que tinham de entrar na Guerra, quando a guerra lhes entrou em casa. Nada disto "branqueia" o nazismo. Serve só para lembrar que o mal gosta de silêncios e de andar de mãos dadas.
Olhando para a Ucrânia: cem anos depois, a extrema-direita é um problema, sim; o nacionalismo é um problema, sim; a Rússia é um problema, sim. Na Segunda Guerra, os ucranianos, oprimidos pelos vizinhos de leste, acharam que, talvez, os invasores nazis fossem menos maus. Não eram. Foram agredidos antes, durante e depois da Segunda Guerra, por uns e por outros. O povo ucraniano não devia ser obrigado a escolher entre um mal e outro. Tem sido. Repetidamente.
A Europa democrática está ameaçada por movimentos de extrema-direita: autoritários e iliberais. França, que esteve dividida entre a heroica resistência e o regime colaboracionista de Vichy, vai a votos este fim de semana, dividida ao meio. De um lado, está a candidata, Marine, que herdou o nome e o partido de Le Pen pai - um colaboracionista. Marine é próxima do italiano Salvini, do húngaro Órban, do russo Putin. O russo, que quer "desnazificar" a Ucrânia, apoia líderes, partidos e movimentos conotados com a extrema-direita. Parece que há bons e maus nazis. Não há. Diz-se, muitas vezes, que a "história não se repete". Talvez não. Eu diria, porém, que se imita muito bem a si própria.
[Na fotografia: "A Guerra Fria", de Odd Arne Westad]

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Russians

por Miguel Bastos, em 28.02.22

Por estes dias, a minha rádio voltou a passar a canção "Russians", de Sting. A canção marcou o ano de 1985. Estávamos em plena guerra fria, cheios de medo da guerra nuclear. A União Soviética estava em queda livre e Reagen andava com a cabeça nas nuvens. Os Estados Unidos lançaram um programa para impedir uma guerra nuclear, a partir do espaço. Tinha o nome, oficial, de Iniciativa Estratégica de Defesa, mas ficou conhecido, popularmente, como "Guerra da Estrelas". Este nome dava-nos uma ideia de ficção, de uma brincadeira de crianças muito, muito perigosa. "Russians" fala de Reagan, de Khrushchev, de uma guerra "invencível", do brinquedo mortal (bomba atómica) de Oppenheimer, do amor pelas crianças. A canção passava, muitas vezes, antes ou depois do telejornal e dava-nos arrepios. Os mesmos que sinto, por estes dias, em que voltámos a ouvir "Russians", pelas piores razões.

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Ucrânia

por Miguel Bastos, em 26.02.22

jornais cortados.jpg

Estou a ler notícias de ontem e a ouvir notícias de hoje.
São muito parecidas e profundamente tristes.

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Conferência da Crimeia

por Miguel Bastos, em 11.02.20

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Há 75 anos, Roosevelt (Estados Unidos), Churchill (Reino Unido) e Staline (União Soviética) decidiram reeditar o Tratado de Tordesilhas e dividir o mundo em dois. Nessa altura, a guerra ainda estava quente. Não tardou a ficar fria

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