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Toda a gente estava de olhos postos na Geringonça. “Não vai funcionar”; “Vai cair”; “Vai explodir”, etc. Não caiu. Até Passos Coelho admitiu que se enganou, quanto à Geringonça. Por estes dias, o governo teve graves problemas de funcionamento. Toda a gente estava de olhos postos na Geringonça. Mas o problema foi nos órgãos internos.
O Ministro da Cultura ameaçou dar bofetadas a dois colunistas e acabou na rua. Um dos colunistas, foi homem que inventou o termo Geringonça. Ele tem esse poder. Há ainda problemas com os militares, que, por sua vez, ainda têm problemas com os homossexuais. E, finalmente, um secretário de estado saiu do governo. O governo disse que foi por razões pessoais. O secretário de estado respondeu que não. Foi por divergências políticas.
Entretanto, a Geringonça continua a funcionar. As peças vão sendo substituídas, a oposição finge que se espanta e indigna, os militares fazem barulho, o mundo anda aos papéis. O mundo não pula nem avança. É como a Geringonça. Vai andando…
O PSD acha que as coisas vão de mal a pior… O PS acha que está na altura do PSD mudar de atitude. Toda a esquerda criticou a atitude do PSD. Até, dizem, o CDS já mudou. De atitude e não só, digo eu. O CDS já tinha falado da geringonça. O PS fala, agora, da caranguejola. O Presidente do PS tenta a metáfora. Vamos ver se cola.
O PS quer que o PSD tenha uma atitude construtiva. O PSD responde que a responsabilidade está do lado do governo. O PSD acha que, sem o apoio da esquerda, o PS deve-se demitir. O PS responde que o PSD é que se demitiu. O PSD diz que a esquerda perdeu as eleições. A esquerda diz que acabou o autoritarismo da maioria de direita.
O jogo de ping pong distrai-nos da renegociação da dívida e das críticas à submissão ao euro, ao pacto de estabilidade, ao tratado orçamental feitas pela esquerda da esquerda. Ou do enorme aumento de impostos e da austeridade, referido pela direita da direita.
Contas feitas… as contas do orçamento foram aprovadas. Mas falta, ainda, o ajuste de contas. Não vai ser para já… Já agora, quem conta as contas acrescenta-lhe umas pontas…
Desde que Paulo Portas decidiu assumir-se como político, que há muita gente a fazer comparações entre o Portas jornalista e o Portas político. Entre o Portas das perguntas e o Portas das respostas. Entre o Portas da ideologia e o Portas da prática. Ou, entre o Portas dos princípios e o Portas dos compromissos. Lamento informar: não há dois Portas. Só há um. Portanto, não faz sentido especular sobre coisas como “o que diria o Portas jornalista do governo PSD/CDS?” ou “o que diria o Portas jornalista do Portas ministro?” Diria o que lhe apetecesse e o que lhe desse jeito.
Que sentido faz distinguir entre Clark Kent e o Super-Homem, ou entre Peter Parker e o Homem-Aranha? Portas também veste e despe o fato (literalmente), consoante as ocasiões. Mas é sempre o mesmo. Seja o jornalista de convicções e speeds do Independente; o Paulinho das feiras, de parka e boné; ou o ministro Paulo Portas, de fato de estilo inglês. É sempre ele.
Esta semana, Portas esteve no parlamento, como membro do governo, mas já falava à oposição: “geringonça”, “bebedeira coletiva”, “ressaca”. Mas, então, onde é que está o Portas estadista? Está no mesmo sítio, mas já mudou de fato.