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A dada altura, por mera coincidência, cruzava-me com José Mourinho, num café, à hora do almoço. Chegámos a dizer "olá" e "boa tarde", de raspão. Nessa altura, ele estava a começar a sua carreira de treinador. Eu ensaiava a entrada para uma carreira na função pública. Nessa altura, ele já devia ganhar mais do que eu. Talvez umas 4 ou 5 vezes mais, não sei. Isto, foi antes de começar a ganhar 10, 100, 1 000, 10 mil vezes mais. Enfim, senti que as nossas carreiras não seguiram, propriamente, na mesma direção. Não tenho inveja, mas tenho pena. Coitadinho de mim.
Já fui muito feliz, em Munique. E mais do que uma vez. Mas nunca vezes demais.
- Ai, ai, ai!
- O que foi, filho? A rebolar no chão?!
- Ahhh...
- Dói assim tanto?
- Dói. O mano bateu-me no ombro.
- Mas estás a agarrar o joelho!
- Eu sei, pai.
- Isso não faz sentido.
- Faz, sim, pai.
- Não percebo.
- Eu sou jogador de futebol, pai. Estou a praticar.
Ruben Amorim resolveu mudar-se para Manchester. Não percebo o entusiasmo. Assim, de repente, não me ocorre nada de interessante em Manchester.
- Então, porque é que os nossos produtos não a estão a vender? - perguntou o diretor.
- Estão vender, chefe. Menos, mas estão.
- Eu sei que estão, mas estamos muito longe da liderança. Alguém quer-me dizer porquê?
E, então, chegavam as justificações:
"por causa das importações diretas", "das promoções agressivas", "das regras da grande distribuição", do "dumping".
- Estamos a falar de coisas fora da lei? Se estamos, têm de ser denunciadas - continuava o diretor.
- Anda, para aí, muita trafulhice, chefe. Por isso é que os tipos estão a vender mais do que nós.
- Mas, nós já estivemos muitas vezes na liderança.
- Pois, chefe, mas agora...
- "Mas agora"... Acham, mesmo, que só há trafulhice quando estamos a perder? Ninguém acredita nisso.
- Acha que não?
- Só se for no futebol. Mas não lhes serve de nada.