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Deslocado

por Miguel Bastos, em 14.05.25

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Comecei a escrever este texto, ontem, mas fui vencido pelo sono. Entretanto, a canção dos NAPA venceu mais uma etapa e vai à final. 
 
"Acabaram as canções", canta (com ironia) Fernando Tordo, no final da Tourada. Não acabaram, evidentemente, e a canção venceu o Festival da Canção, em 1973. Mas, mais importante, ficou inscrita no cancioneiro nacional. Sei que o Festival é um concurso, em que cada canção tem o objetivo de ganhar a competição nacional e chegar aos europeus. Mas não é isso que mais me interessa. O que me interessa são as canções - essas que insistem em não acabar. 
 
A canção "Deslocado", dos NAPA, é muito bonita. Na primeira escuta, achei-a demasiado morna. Na segunda, reparei na melodia à Beatles e nas harmonias vocais muito Beach Boys. E, depois, cheguei à letra: sobre saudade, sobre raízes, sobre inadaptação. Não é uma saudade trágica, fatalista. Afinal, já não arriscamos a vida a embarcar em galés, a enfrentar adamastores, a conquistar o mundo, a defender colónias. É a saudade, de hoje: dos que partem, mesmo tendo pão e amor em casa. Partem, para estudarem numa cidade com melhores escolas, mas com excesso de betão; com melhores transportes, mas com falta de mar; com melhores salários, mas com défice de casa.
 
Muita gente foi tocada pela canção. Muitos outros, continuam obcecados na competição. Não ouvem a canção por si só; não ouvem a canção de acordo com o seu gosto; mas pela sua capacidade de vencer. Ou seja, avaliam a canção tentando adivinhar o gosto dos outros. E são esses que dizem que não gostam da canção A ou B,  porque não tem potencial de vencer. Esquecem-se, talvez, que Portugal ganhou com a mais improvável das canções: "Amar pelos dois", dos manos Sobral. Confesso que, na altura, também achei que a canção tinha poucas hipóteses de ganhar o Festival da Canção. E tinha, ainda, menos hipóteses de ganhar  a Eurovisão. Mas não achei que isso era o mais importante, porque a canção era boa e isso bastava-me. Como ganhou, chegou a mais pessoas e ainda bem.
 
Para mim, a canção "Deslocado" já ganhou. Eu, pelo menos, já ganhei uma canção. Se mais ganharem, tanto melhor. 
 

https://www.youtube.com/watch?v=6QRHcLJS0T0

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Festival do compromisso

por Miguel Bastos, em 09.03.25

Os portugueses não existem. É uma das conclusões a tirar do Festival da Canção. Existem uns, existem outros, e existe a combinação de uns com os outros.

Ontem, apresentaram-se a concurso doze propostas artísticas muito diferentes. A canção que tinha concluído a votação do júri com zero pontos recebeu 12 pontos do público. A canção mais votada pelo júri não foi a canção que venceu. Houve empate entre duas canções e, em caso de empate, ganha a canção mais votada pelo público. Num mundo cada vez mais polarizado, ganhou a canção que fez o melhor compromisso. Interessante.

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Dona Simone

por Miguel Bastos, em 27.01.25

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"Às vezes perguntam-me: 'Sô Dona Simone, quer um chazinho?' E eu respondo: 'Para ser franca, apetecia-me mais um whiskey, com duas pedras de gelo, e um cigarro'". É por causa de histórias como esta, contadas pela própria, que tanta gente se apaixona por Simone de Oliveira. A Simone da televisão, das revistas, das entrevistas. A Simone da "Desfolhada", do festival, do vestido verde. A Simone do "quem faz um filho, fá-lo por gosto". A Simone que abandonou o primeiro marido e foi mãe solteira e namorada do Henrique Mendes e viúva do Varela. A Simone que perdeu a voz. A Simone atriz: no palco, na televisão, na vida. A Simone maior do que a vida. E com tudo isso, muitas vezes esquecemo-nos que Simone, antes de tudo, é cantora. E não é só da "Desfolhada".
 
Em 2013, um grupo de músicos - ainda jovens, mas já experientes - resolveu fazer um disco para Simone, com Simone. Um disco novo, com sabor "vintage". Um disco como deve ser: com uma produção rigorosa, orquestrações sumptuosas e arranjos sofisticados. "Pedaços de mim" tem a participação de dezenas de músicos: bateria, baixo, piano, guitarra, acordeão, vibrafone, percussão, harpa, oboés, fagotes, clarinetes, trompas, trombones, trompetes, tuba, saxofones, violinos, violas, violoncelos, contrabaixos. É um disco para Simone brilhar. E Simone brilhou, uma vez mais. Por vezes, fica a sensação de que as canções nem sempre acompanham a ambição da obra. Mas, em todo o caso, é um disco maravilhoso. E Simone está lá, de corpo e alma. E, sim, é cantora: antes de tudo. Depois de tudo, também.

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Eurovisão

por Miguel Bastos, em 10.05.24

abba.jpg 

Este fim de semana, há festival da Eurovisão. Este ano, é na Suécia. A terra dos ABBA. Quero que saibam que o assunto não me diz nabba. Desculpem, nada.

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Morreu Joaquim Pessoa

por Miguel Bastos, em 17.04.23

Morreu o poeta Joaquim Pessoa. Gostava de conhecer melhor o seu trabalho poético. Vou adiando para "um dias destes", que é um local habitado por muitos poetas e escritores. Conheço Joaquim Pessoa, das canções. A rádio e os jornais destacam (bem) a "Amélia dos olhos doces" (Carlos Mendes) e "Lisboa, menina e moça" (Carlos do Carmo). Mas é curto. Ele tem tantas canções! Só no disco "Uma canção para a Europa", que corresponde às canções do Festival de 1976, Carlos do Carmo canta três poemas seus: "Lisboa Menina e Moça" (em parceria com Ary dos Santos), Cantiga de Maio (não confundir com a canção de José Afonso) e "Onde é Que Tu Moras?" (uma das canções da minha vida). Só essa, já era muito. Mas há mais, muitas mais.

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Amanhã

por Miguel Bastos, em 07.03.22

Os Quatro e Meia. Não sei de onde veio o nome da banda. Mas, quando apareceram, lembrei-me logo do anúncio da "Cola-Cola Light". A música do grupo também é "light", o que não é, necessariamente, um defeito. A canção "Amanhã" é das melhores propostas para o Festival da Canção, dos últimos anos: leve, despretensiosa, com uma melodia irresistível e belíssimas harmonias vocais. Passou a 1.ª Semifinal. Hoje, à noite, chegam mais canções. Amanhã, logo se verá.

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ABBA

por Miguel Bastos, em 03.09.21

Os ABBA estão de regresso. É, apenas, uma informação que vos dou - que o assunto não me interessa nada. Não me identifico (de todo!) com música de festival. Só se for de festival de música eletroacústica, experimental, avant-gard. A única canção dos ABBA que vale a pena, é o tema que dedicaram ao Pierre Boulez - o Boulez-bous.

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A canção certa?

por Miguel Bastos, em 31.05.21

Uma semana depois, o Festival da Eurovisão continua na minha cabeça. Apesar das explosões de luz e cor, e de todos os excessos de botox, silicone, laca, maquilhagem, tatuagens, cabeleiras, purpurinas, lantejoulas e bailarinos, a verdade é que (pasme-se!) havia ali canções. A nossa, por exemplo, é muito boa. A minha preferida - a francesa "Voilá" - é um arrepio. O cantor suíço é muito interessante. E, mesmo, a canção italiana - que me tinha parecido, apenas, um glam/hard rock estereotipado - cresceu com as audições seguintes.

Curiosamente, poucos repararam na canção da Bélgica ("The Wrong Place"), que me tem acompanhado por estes dias. Os Hooverphonic são uma banda muito respeitável, que teve algum sucesso na segunda metade dos anos 90. São contemporâneos e próximos de bandas como os Portished, Air ou Goldfrapp. Bandas que misturavam uma certa pop dos anos 60; com bandas sonoras de John Barry ou Ennio Morricone; uns toques de dub, jazz, bossa nova e easy listening; e o recurso a ritmos hip-hop, eletrónica e "samples". Por estes dias, tenho andado a (re)ouvir os Hooverphonic e arredores. Nunca pensei que o fizesse, por causa do Festival da Eurovisão. E a canção é muito boa. Terá sido a canção certa para o local errado?

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Desfolhar

por Miguel Bastos, em 18.03.21

Quando eu era mais novo, gostava muito de desfolhar livros. Mas, depois, chegaram os talibãs a dizer "isso não se diz" e mais não-sei-quê. Passei, então, para as canções. Andei anos a traulitar a "Folheada", da Simone. Ainda gosto.

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Em flor

por Miguel Bastos, em 24.02.21

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"De novo vieste em flor / Te desfolhei"

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