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No sábado, vai haver uma tainada na aldeia de Melo. Põem-se umas mesas, cá fora na rua, e come-se e bebe-se com os escritores. Vai ser uma festa. Parece que os escritores gostam tanto da terra de Vergílio Ferreira, que começam a chegar hoje.
Para ouvir, aqui:
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/festival-dedicado-ao-escritor-vergilio-ferreira_a1604065
Na canção "Waterloo", uma mulher (cantada por duas) prometia render-se ao amor, como Napoleão, na Batalha de Waterloo. Temeu-se o pior. Por mais inocente que fosse a comparação, havia, ali, uma referência a uma das datas mais marcantes na história da Europa. E com política não se brinca.
A canção venceu o Festival. Foi há 50 anos.
Muita gente pensa que os ABBA são uns tontos que fazem, apenas, canções alegres e frívolas. Talvez desconheçam as referências à revolução mexicana, em "Fernando", ou ao êxodo de milhares de pessoas, do leste europeu para a Europa ocidental, em "The Visitors". Desconhecem, talvez, que a carreira dos ABBA foi interrompida porque os compositores da banda queriam fazer (e fizeram!) um musical sobre a Guerra Fria.
No ano em que o Festival da Eurovisão celebrou a vitória de "Waterloo", na terra dos ABBA, quis-se inventar a ideia que a Eurovisão nunca teve nada a ver com política. E há, até, quem acredite.
Este fim de semana, há festival da Eurovisão. Este ano, é na Suécia. A terra dos ABBA. Quero que saibam que o assunto não me diz nabba. Desculpem, nada.
Eurovisão. Portanto, segundo percebi, há muita gente que acha a canção que ganhou é um plágio de um tema dos ABBA. Meus amigos, passei o fim de semana a investigar e descobri que as músicas dos ABBA já eram plágios de um tal de Benny Andersson - um obscuro pianista, que costuma gravar para a Deutsche Grammophon. Se aquilo não é plágio, não sei o que é um plágio. Esta investigação foi de tal forma absorvente, que acabei por não acompanhar, com a devida atenção, as semifinais da Turquia. No entanto, e acordo com as minhas fontes, o que ficou em segundo lugar sempre é melhor que o da Finlândia.
Canção dos ABBA aqui:
Os ABBA estão de regresso. É, apenas, uma informação que vos dou - que o assunto não me interessa nada. Não me identifico (de todo!) com música de festival. Só se for de festival de música eletroacústica, experimental, avant-gard. A única canção dos ABBA que vale a pena, é o tema que dedicaram ao Pierre Boulez - o Boulez-bous.
Não será coincidência. No dia em que "O cerejal" é apresentado em Avignon, Tiago Rodrigues é confirmado como o novo diretor do Festival. Um cerejal no topo do bolo.
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/tiago-rodrigues-e-o-novo-diretor-do-festival-davignon_n1333070
"E a Poesia? Mera alínea?", pergunta Sérgio Godinho no "Lamento de Rimbaud". A partir de hoje, há poesia em S. João da Madeira. Não há Raimbaud, mas há Herberto Hélder, Fernando Assis Pacheco ou Mário-Henrique Leiria. A "Poesia à Mesa" serve-se na internet. Uma janela de oportunidade, para quem não tem postigos.
Tenho recordações fortes de Waterloo. Ritmo veloz, vozes afinadas, roupas brilhantes, coreografia, alegria. Para mim, Waterloo eram os ABBA, no seu melhor.
Foi em 1974, que o quarteto sueco venceu o festival da Eurovisão e conquistou o mundo. Os ABBA trouxeram uma lufada de ar fresco ao festival, que já estava em crise naquela altura. Waterloo foi, apesar disso, uma jogada arriscada porque podia não agradar aos franceses. Mas isso, eu não sabia.
Só mais tarde, é que percebi que Waterloo também era o nome de uma batalha. Não tenho culpa. Quando Napoleão foi derrotado, eu ainda não era nascido. Mas passei a perceber porque é que os ABBA estavam vestidos daquela maneira.
Então era uma canção política? Não, eram apenas duas moças a cantar “como Napoleão em Waterloo”: “Waterloo, eu fui derrotada, tu ganhaste a guerra”, “Waterloo, prometo que te irei amar para sempre”. Com os ABBA ninguém perdeu: venceu o amor, venceram a Eurovisão.
Os ABBA abriram-me as portas da história europeia. Waterloo foi há 200 anos. Ou há 41. “Depende da vossa fantasia”.
Houve três eleições este fim de semana. Como não há tempo para falar de Espanha, destaco a mais importante: o Festival da Eurovisão.
A Suécia venceu, com uma canção em inglês que fala de heróis. “Todos nós somos heróis, não interessa quem amamos, quem somos, aquilo em que acreditamos” disse Måns Zelmerlöw. O cantor estava ao lado da senhora de barba rija, que venceu no ano passado.
Na Eurovisão, quase todos abandonaram a sua língua materna. Esta opção torna os ingleses uns tipos esquisitos. São dos únicos que cantam na sua língua. Daí a pontuação fraca. Já os italianos apresentaram a sua versão dos Il Divo, mas ficaram atrás da versão russa da Celine Dion.
Li, hoje, que o cantor sueco está a ser acusado de plagiar "Lovers on the Sun”, de David Guetta. (ver aqui) Realmente, a canção é parecida. Mas, por acaso, havia alguma coisa de original naquele Festival?
Se as eleições espanholas revelaram indecisão do eleitorado, o Festival da Eurovisão já escolheu o seu caminho: ser uma noite de karaoke, com muitas luzes e estudantes Erasmus. Great!