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Portanto, foi uma manhã como as outras. Acordei cedo, ainda era de noite. Preparei o pequeno-almoço, enquanto tirava a louça da máquina. Tomei o pequeno almoço, ao som do primeiro noticiário da manhã. Estendi uma máquina de roupa, ao romper da aurora. Acordei os miúdos, ao som do segundo noticiário da manhã. Tomei banho, enquanto se arranjavam. Deixei-os à mesa e despedi-me. Entrei no carro, ao som do terceiro noticiário. Depois de vários quilómetros, cheguei à redação. Devia estar a trabalhar, mas resolvi fazer uma pausa. Não quero parecer ofegante, que esta vida é um sopro.
- Vamos acordar, filho?
- Estou acordado, pai.
- Então, porque é que não desligas o despertador?
- Estava a ver se ele desistia.
- Parece-me que não vais ter sorte.
- Pois, parece que não. Ainda dizes que eu é que sou teimoso!
- Sabes, pai? Comprámos-te uma prenda!
- Ai, sim?
- Sim, é uma tenda de campismo. Mas não digas a ninguém...
- Está bem, eu prome...
- Chuuuu, é segreeedo!
- Ó pai, eu comecei a falar muito cedo, não foi?
- Sim.
- Lembras-te qual foi a primeira palavra que eu disse?
- Não tenho a certeza. Talvez, "etimologia".
- Isso quer dizer o quê, pai?
- Não sei. Tens de ir à origem da palavra.
- Ok, depois eu vou.
- Não queres ir já?
- Não. Primeiro tenho de ir lanchar.
- Olá, pai, já cheguei!
- Olá, querido!
- Como é que correu o teu dia?
- Correu bem. E o teu, filho?
- Ainda correu melhor do que o teu.
- Ah, sim?! Porquê?
- Porque eu sou mais bonito!