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Portugal viveu, ontem, um Estado de Exceção sem nome. Não foi o Estado de Emergência (que bem conhecemos e para onde - julgava eu - não queríamos voltar), nem o Estado de Sítio (que só é declarado em casos extremos - por exemplo, num cenário de guerra). Não há nada, mesmo nada, que justifique a Exceção. Milhares de pessoas resolveram desligar o bom senso, por um dia, para fazerem uma festa de massas, em tempo de pandemia. Andamos a contar, a dedo, as pessoas que podem estar num evento de família, numa instituição de saúde, numa padaria, numa cerimónia religiosa ou política, e depois permitimos - permitimo-nos - a concentração de milhares de pessoas, num Estado de Exceção ao avesso, em que tudo se pode fazer. Depois, voltamos a ligar o interruptor para criticar opções políticas, planos de vacinação, capacidade hospitalar, cercas sanitárias. Não é admissível, nem é desculpável.
Estado de Calamidade
Ai, este menino, está tão grande! Um ano, hem? Quem diria! Parece que foi ontem que chegou, o grande maroto, que nunca mais tivemos sossego! E pôs-nos em casa, e pôs-nos de máscara, sempre ao telefone e no computador... não é, meu malandro? Tão redondinho, sai ao pai. Olhem, só, para estas bochechinhas! E em Estado de Alerta e de Emergência, raça do cachopo. Só de emergência vão 12, já viram? Depois do 12.º, vai para a Universidade, o espertalhão! Espero que sim, e que não volte para casa. Calão...
Portugal entrou em "Estado de alerta"! O que é que isto quer dizer? Quer dizer que estamos no nível de intervenção mais baixo da Protecção Civil. Isto, na generalidade do país - porque na Área Metropolitana de Lisboa vigora o nível intermédio de "Contingência", mantendo-se o "Estado de Calamidade" em 19 freguesias desta área metropolitana. O mais grave de todos é, como sabemos, o "Estado de Emergência" - que era aquele em que não podíamos sair de casa, a não ser que pedíssemos o cão emprestado à vizinha. Portanto, da próxima vez que ouvirmos dizer "Alerta, alerta" é apenas para dizer que não se passa nada. Agora está percebido, mas custa a entender a um tipo que vem de letras e não foi à tropa. Resumindo:
- "Alerta, alerta!"
- "O que é se passa?"
- "Hum, nada de especial".