por Miguel Bastos, em 30.04.25
O apagão fez acender um amor, inesperado, à rádio. E o amor é lindo. Digo-o, sem ironia. As páginas das redes sociais encheram-se de postais, com mensagens de amor e fotografias de aparelhos de rádio. Rádios novos, comprados à pressa. Rádios antigos, retirados de caixotes que foram caixões. Rádios ressuscitados. Rádios resgatados à memória: às tardes na aldeia, com a avó; às idas à bola, com o avô. Foi o desfile da rádio nostalgia, da rádio saudade, da rádio a pilhas.
Ora, a rádio não é a pilhas. A rádio é tão boa, que até pode ser a pilhas - o que é muito diferente. Como pode ser digital. E pode ser pod coiso, para os pod-modernos. E pode ter imagem, para os selfie made men. E é wireless, de nascença. A rádio não é coisa do passado. É de agora - como se ouviu, quando não se via nada.