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- Então, porque é que os nossos produtos não a estão a vender? - perguntou o diretor.
- Estão vender, chefe. Menos, mas estão.
- Eu sei que estão, mas estamos muito longe da liderança. Alguém quer-me dizer porquê?
E, então, chegavam as justificações:
"por causa das importações diretas", "das promoções agressivas", "das regras da grande distribuição", do "dumping".
- Estamos a falar de coisas fora da lei? Se estamos, têm de ser denunciadas - continuava o diretor.
- Anda, para aí, muita trafulhice, chefe. Por isso é que os tipos estão a vender mais do que nós.
- Mas, nós já estivemos muitas vezes na liderança.
- Pois, chefe, mas agora...
- "Mas agora"... Acham, mesmo, que só há trafulhice quando estamos a perder? Ninguém acredita nisso.
- Acha que não?
- Só se for no futebol. Mas não lhes serve de nada.
Os super-heróis de alguns. São o futuro. Têm fama de visionários e ares de popstar. Passeiam o ego pelo espaço. Planeiam despedir 3750 pessoas.
Um estudo refere que as pessoas em teletrabalho estão a ver mais conteúdos para adultos. Muitos chegam a usar computadores da empresa para esse fim. "Que horror", pensei. Eu, que tinha pensado em ver o debate quinzenal no Parlamento, fechei logo o computador.
Depois de uma tarde de elogios fúnebres, a morte de Belmiro de Azevedo dividiu o parlamento. O voto de pesar foi a votos. PS, PSD, CDS e PAN votaram "sim". PCP votou "não". Bloco de Esquerda e Verdes votaram "nim". Belmiro já não reina, mas ainda divide.
Sentado no lobby de um hotel de cinco estrelas, portátil no colo, fato e gravata - o jornalista foi surpreendido pela minha presença. Um problema de comunicação, entre profissionais de comunicação. Tentou disfarçar o incómodo e mostrar disponibilidade. À primeira pergunta responde-me que não entende a pergunta. À segunda pergunta responde com uma pergunta: “Só vai fazer perguntas gerais ou vai ser mais específico?”. Tento explicar-lhe que não trabalho para uma publicação especializada, mas para um público generalista. Propõe-me, então, falar sobre o tema da sua intervenção numa conferência.
“Bla, bla bla, o mercado global”; “bla, bla, bla o mercado competitivo”; “bla bla bla, inovar ou morrer”… Este homem fala como um homem de negócio, mas não é; fala como um empreendedor, mas não é; fala como um cientista, mas não é; fala como um político, mas não é. O homem, diz de si mesmo, que é jornalista, mas não consegue falar com outro jornalista.
O homem dorme em hotéis 5 estrelas; viaja em business class, come em restaurantes Michelin. Este homem é o jornalismo 5 estrelas: moderno, elegante, sofisticado, cosmopolita, globalizado. Resta saber se é jornalismo.