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Ando a ler as "Memórias da II Guerra Mundial", de Winston Churchill. O que mais me impressionou, até agora, foi o estado adormecido da Europa, nos anos que antecederam a Guerra.
Às vezes as pessoas perguntam “”como é que foi possível?”. E aponta-se um guerreiro louco, megalómano e cruel. Hitler foi isso tudo. Mas, não chega como explicação. Porque, o normal era que um tipo daqueles fosse preso, ou internado, ou morto. Mas não foi. As suas palavras iradas foram acolhidas numa Alemanha humilhada, e não foram contrariadas pelos países europeus: por ingenuidade, por fraqueza ou por conveniência. É chocante que a Polónia tenha anexado partes da Checoslováquia, depois da invasão alemã. Ou que os soviéticos tenham anexado vários países, ao abrigo de um pacto com os nazis. Depois, foram eles os invadidos. Churchill critica, ainda, as políticas “pacifistas” dos franceses e dos ingleses. Os primeiros, foram arrasados num mês. Os segundos aguentaram a guerra sozinhos, até à entrada dos EUA.
Às vezes, parece que a Europa aprendeu pouco e mudou pouco. Basta ver como tanta gente acaba de descobrir que há morte e miséria em África e no Médio Oriente.
Ficámos, hoje, a saber que doze cristãos foram lançados ao mar, por muçulmanos.. Estavam, todos, num barco de refugiados, a caminho da Europa. Vinham de Costa do Marfim, da Guiné e do Senegal. Vinham, todos, à procura de uma vida melhor. Mas isso, aparentemente, não os aproximava em nada.
O mundo está, cada vez mais, confuso. Não faz sentido olhar o mundo com uma grelha pré-concebida que classifica religiões, povos ou países como “bons” ou “maus”.
Não percebi o entusiasmo ocidental com a Primavera Árabe, por exemplo. Claro que não havia simpatia com os ditadores e os seus regimes. Mas, o islamismo radical não era um coisa nova. Onde estão, agora, os bons e os maus: no Iraque, na Síria, ou na Líbia?
Em África e no Médio Oriente há agredidos que passaram a agressores e vice-versa. No barco dos refugiados, os muçulmanos atiraram cristãos ao mar. Noutro contexto, poderia ter sido ao contrário.
De facto, não estamos todos no mesmo barco. Nem eles. Por isso, é que uns foram borda fora.