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Falta gasolina

por Miguel Bastos, em 01.10.21

sem gasolina.jpg

Coisa de filme-catástrofe. O primeiro-ministro britânico colocou os militares de prontidão. A ordem pública está ameaçada. Por causa dos estrangeiros. Melhor dizendo, pela falta deles. As pessoas correram que nem doidas para as bombas de gasolina. O risco de faltar gasolina é real, porque faltam motoristas que garantam o abastecimento. E não é só de gasolina. Teme-se a falta de alimentos, produtos de higiene, medicamentos, bebidas. Quase tudo. A coisa está de tal forma, que Boris Johnson - que se tem dedicado a transformar o Reino Unido numa ilha, novamente isolada, e a expulsar trabalhadores que eram "europeus" e agora são "estrangeiros"; Boris Johnson - que até foi salvo por um enfermeiro estrangeiro (português, no caso) que trabalhava para o sistema nacional de saúde que ele não gostava, mas depois parece que, afinal, até passou a gostar; Boris Johnson - dizia eu - que fez o Brexit e andou a expulsar os trabalhadores estrangeiros para fazer um "Great Britain, Great Again", autorizou a contratação de 5 mil camionistas estrangeiros, para resolver o assunto.
 
É claro que esta gente devia-lhe fazer o gesto bonito que Rafael Bordalo Pinheiro imortalizou, em cerâmica artística das Caldas. Mas, tal como os britânicos, os camionistas precisam de comer. E, com maços de libras a abanar, o governo britânico vai acabar por conseguir aquilo que quer. Mas não fazia mal nenhum aos cidadãos do Reino Unido pensarem um bocadinho melhor, nesta coisa dos estrangeiros. E (já agora) os europeus, em geral, e os portugueses, em particular.
[Foto: Neil Hall / EPA]

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Migrantes

por Miguel Bastos, em 29.06.21

criancas brincar.jpg

No fundo, os adultos migram para a infância, em busca de uma vida melhor.

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Somos fascistas, yo!

por Miguel Bastos, em 28.03.16

bruxelas.jpg

Olho para as imagens dos manifestantes de extrema-direita na Bélgica, e não posso deixar de frisar a ironia. Os manifestantes de inspiração fascista usam streetwear: calças de corte largo, cinta descaída, base apertada; casacos de capucho. Os jovens fascistas vestem como os rappers americanos, que inspiraram os jovens de todas as cores, em todos os países do mundo. Europa incluída. Mesmo a Europa que exclui, ou pede exclusão.

 

Se calhar, não nos devíamos surpreender. O homem que defendeu uma Alemanha pura e dominante (“über alles”) era, na verdade, … austríaco. O homem que defende uma América sem emigrantes - Donald Trump - é descendente de emigrantes e marido e ex-marido de mulheres emigrantes.

 

Como estão preocupados com a segurança, os hooligans e skinheads acendem tochas e lançam petardos. A polícia não revistou os desordeiros. A polícia, que, de resto, já veio ameaçar fazer greve no aeroporto. Em nome da segurança.

 

Há muita gente a brincar com o fogo. E não são só os terroristas.

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A Síria é coisa séria

por Miguel Bastos, em 02.11.15

siria coisa seria.jpg

A minha irmã vive fora de Portugal há muitos anos. Num destes verões, olhou para meia dúzia de amigos e familiares e exclamou: “parecem os meus amigos árabes!”. Cabelos escuros, bigodes, pele crestada pelo sol. De facto, não é só o Fernando Ruas que parece o Saddam. Há muitos portugueses que parecem.

 

O “árabe” que me serviu um café, esta manhã, sabe disso. A pele é escura, o (pouco) cabelo está rapado e usa barba. Mas acha que precisa de mais sol. “Faço uns dias de praia e depois peço ao governo para me dar uma casa, como os sírios”, graceja. Em Portugal, andamos assim. Eternamente divididos, entre os que acham que o Estado nos deve dar tudo e os que acham que andam todos a viver “à conta” do Estado.

 

Este “árabe” é do segundo grupo. Usa umas pulseiras de cabedal e uma camisola dos Ramones “à moderna”, mas é antigo. Muito antigo. Poderia explicar-lhe que não basta ser moreno para ser sírio. É preciso ter família morta, violada, a casa destruída e outros pormenores. Mas não fui a tempo, porque, logo a seguir, ele disse: “Vou sair para apanhar ar. Já volto”. Pois, eles também saem. Mas não voltam.

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Novos muros

por Miguel Bastos, em 26.06.15

o muro.jpg

Enquanto os italianos acodem os imigrantes, no mediterrâneo, os franceses fecharam as fronteiras. Em França, esse farol de liberdade e de socialismo Holland(ês), ainda se tem o descaramento de dizer que o problema da emigração é italiano. Bravo Ambrósio!

 

Se os franceses podem fechar fronteiras, porque é que os húngaros não hão-de poder? O governo, de Viktor Orban, teve a ideia brilhante de ressuscitar o muro, para separar a Hungria da Sérvia, de onde vem muita gente à procura do espaço Schengen. O muro terá quatro metro de altura e 175 km de comprimento. Sabe a pouco. Deviam-se fechar os mais de 2 mil km de fronteira e transformar a Hungria numa ilha pura - com pena de morte, e sem os ciganos e os imigrantes, que tanto incomodam o primeiro-ministro.

 

Orban deve-se ter esquecido para que é servia o outro muro. Nessa altura não viajava muito. Agora, sim. Numa das suas última viagens encontrou-se com o presidente da comissão europeia. Juncker cumprimentou-o com um espirituoso “Olá ditador!” John McCain (esse grande esquerdista) já tinha sido mais directo: é um neofascista! A Europa mete medo…

 

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