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Não me adianta pensar em independência. Nunca irei conseguir.
"A sério, que se dá bem com os seus irmãos? Vejo que ainda não fizeram partilhas", costumava dizer, a brincar, uma pessoa da família. É por pensar em famílias desavindas, pela disputa do dinheiro e propriedades; é por pensar na inveja e na mesquinhez, que tendo a não gostar da ideia de herança. Mas, por outro lado, há uma ideia de continuidade, de memória, que me enternece. Como se ficássemos mandatados para sermos guardiões de tesouros, segredos e prazeres. De guardar e eternizar um legado.
Uma amiga, que insiste em manter-se dentro do meu peito, nomeou-me guardião dos seus discos. Quando ia a sua casa, insistia sempre que fosse eu a colocar a música que acompanhava os nossos jantares e as nossas conversas: às vezes sérias, às vezes divertidas, muitas vezes preguiçosas. Mais tarde, intermitentes, quando os meus filhos passaram a desaguar em sua casa e a virá-la do avesso. O seu gosto pela música francesa (Léo Ferré, Jacques Brel); brasileira (Caetano Veloso, Elis Regina) ou portuguesa (José Afonso, José Mário Branco); está, agora, depositado (a seu pedido) em minha casa.
Recebi um tesouro. Para mim? For me, Formidable!