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Foi eleito deputado: "para que possamos ter Portugal para os portugueses e não mais para a imigração". Disse, no seu sotaque do Brasil - país para esteve emigrado, durante 70 anos. Oi?!
- Então, sempre vai haver eleições antecipadas...
- Sim, na Madeira. Aquilo não ata, nem desata. São as terceiras eleições, em menos de...
- Não, eu estou a falar...
- ... das autárquicas? Bem, em Lisboa, o PSD vai repetir o candidato e o PS avança...
- Mas, quais autárquicas?! Refiro-me…
- Às presidenciais, claro. O PS continua sem candidato e o almirante...
- Eu estou a falar das legislativas.
- O que é que tem?
- Então?! Vamos ter eleições legislativas.
- Ai, sim? Desculpa, eu de eleições percebo pouco.
Donald Trump ganhou as eleições, há mais de 24 horas e os imigrantes não estão a comer: nem cães, nem gatos. Muitos vão alegar que já não estavam ou que nunca estiveram. Não vale a pena perder tempo com pormenores. O facto é que, desde que Trump foi eleito, não comem. E o que importa são os factos.
Revi a cena, há pouco tempo, de lágrimas nos olhos, no documentário sobre Ennio Morricone. "Noodles, I slipped"/ "Noodles, eu escorreguei", diz o pequeno Dominic, depois de ter levado um tiro, nos braços de Noodles (por vezes, traduzido como "Vivaço"). É uma cena trágica, que precede a outra, de enorme violência. De resto, todo o filme é trespassado pela violência. Digo, muitas vezes, que é o meu filme preferido de sempre: "Era uma vez na América". A América vai a votos. Espero que não escorregue.
- Eu percebi bem?
- O quê?
- Há um partido chamado "Se acabó la Siesta"?
- Não. Chama-se "Se acabó la Fiesta".
- Ah..
- É um partido de extrema-direita.
- Isso eu tinha percebido. Só que tinha ouvido "la Siesta".
- Não, "la Fiesta".
- Assim, faz sentido.
- Porquê?
- Porque a extrema-direita gosta mais de nós a dormir.
O coelho, o lobo mau e os pássaros do sul. A campanha está na rua. E está na rádio. "É o bicho!", dizem, "É o bicho!" Para devorar, aqui.
- Olha, um peru!
- Como é que lhe chamaste?
- Peru. Em português, este animal tem o nome do teu país.
- Não acredito!
- Acredita, que é verdade.
O Peru volta a estar em crise. Estou chateado que nem um peru.
A Consuelo não vai perceber a expressão, mas, talvez, acredite.
"Não falo espanhol nem portunhol". Foi desta forma que o candidato Jair Bolsonaro resolveu responder à pergunta do jornalista Pedro Sá Guerra. O Pedro falou-lhe em português - a língua oficial do Brasil - o candidato fingiu não perceber a sua própria língua. Quis-se mostrar arrogante, mas acabou por se mostrar analfabeto. "Quem diz é que é" - uma das frases mais sábias que guardo da infância - pode ser aplicada aqui.
A reportagem pode ser vista aqui:
Antonietta (Sophia Loren) acorda numa casa cheia de filhos. É dona de casa, diríamos nós. Um nome que se dá (ironicamente) a quem não é dono de nada: nem si próprio. Para ela, vai ser mais um dia como os outros. Para a família, que prepara com zelo, será "Um Dia Inesquecível". O dia em que Mussolini irá receber Adolf Hitler, com pompa e circunstância. O filme de Ettore Scola, não vai mostrar, no entanto, a Roma imperial em festa. Adivinham-se paradas militares, banhos de multidão, encontros palacianos. Mas, da festa, chega apenas o som, emitido pelos altifalantes. O som rodeia os únicos personagens que ficam em casa, num prédio, agora vazio: Antonietta e Gabrielle (Marcello Mastroianni). O som vai-se desvanecendo, à medida que os personagens vão mergulhando, um no outro e dentro de si próprios. No final do dia, "inesquecível", Antonietta irá voltar à algazarra que lhe esvazia a vida; Gabrielle irá partir, escoltado pela polícia, para o que, na melhor das hipóteses, será um exílio. Está visto, a história (não vou contar detalhes) não acaba bem. A Itália (sabemos, da história) não acabou bem. A Itália acorda, hoje, com saudades não sei de quê.