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Julio Iglesias

por Miguel Bastos, em 09.07.25

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Venho, por este meio, informar Vossas Excelências, que o cantor Julio Iglesias não me interessa nada.
Obrigado.

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Não gostava de fado

por Miguel Bastos, em 26.06.25

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Como a maioria dos jovens da sua geração, José Mário Branco não gostava de fado. Era uma questão de idade mas, também, de orientação ideológica. O fado era visto como coisa antiga, bolorenta, salazarenta. Mais tarde, (ó ironia!) José Mário tornou-se um dos nomes mais importantes do fado: primeiro, com Carlos do Carmo; depois, com Camané. Escreveu letras, melodias e arranjos, produziu discos. Camané lembra que produziu todos os seus discos e só deixou de produzir porque a morte (velhaca, como sempre) o levou. Esta homenagem é (obviamente) mais do que merecida. Mas é (sobretudo) muito bonita. Obrigado, a ambos.

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15 anos depois

por Miguel Bastos, em 04.06.25

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Passaram mais de 15 anos, desde o último disco, e quase 35, desde "Desintegration" - o último disco relevante dos The Cure. Depois de várias aventuras sonoras (umas mais bem sucedidas do que outras), o álbum "Desintegration" foi encarado, na altura, como um regresso à sonoridade de Faith (1981) e Pornography (1982) - com músicos mais competentes, em termos técnicos, e arranjos mais sofisticados. Por sua vez, o novo disco dos The Cure ("Songs of a Lost World ") tem sido comparado a "Desintegration". Desta vez, porém, a maior diferença está no quase alheamento da estrutura tradicional da canção pop. Neste disco, não há canções que se aproximem de "Lullaby", "Pictures Of You" ou "Lovesong". Em compensação, os temas são muito bem cuidados, em termos instrumentais, podem estender-se para lá dos 10 minutos e parecem condensar o melhor dos The Cure, ao longo dos anos, e dos grupos ao seu redor. As letras sobre perda e abandono remetem para os Joy Division; a tensão e raiva, para Siouxie and The Banshees; a sonoridade melancólica para os Cocteau Twins ou Durutti Column. "This is the end", canta Robert Smith no início do disco - que termina com "It's all gone" (...) "Left alone with nothing". Sim, “tudo isto é triste", "tudo isto existe" e, até, parece fado. Bem bonito, este "Songs of a Lost World".


Vá lá, meninos, ponham-se aí… um chorozinho para a fotografia. Já está, obrigado.

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Delícias do Mar

por Miguel Bastos, em 30.05.25

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"As delícias do mar levam caranguejo?!", perguntei intrigado. Devolveram-me um "Sim", irónico, e uma contra pergunta: "Porquê, achavas que eram feitas com lavagante?". "Não", confessei, "achava que eram 100% artificiais". Pensei nesta conversa, porque o João Gobern tem um novo livro, sobre a indústria musical. O João traça - com rigor, mas, também, com uma certa mágoa - o retrato da decadência desta indústria, marcada pela perda de importância do disco - uma consequência do "download" e do "streaming". No entanto, acabei o livro (em dia de reflexão nacional) com algum otimismo: "Com que então, ainda há indústria... ". Nada mau. Ah, e o livro é (naturalmente) uma delícia.

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João Gobern

por Miguel Bastos, em 15.05.25

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Para muita gente, o João Gobern é aquele "gajo gordo do Benfica, que agora é magro". Sim, é esse, o da televisão. Mas não é esse que eu conheço. Para mim, criança com pouco mais de um metro e pouco mais de 20 kg, o João Gobern era um nome com um texto grande e uma foto pequenina na Música e Som e no Se7e. Escrevia sobre os meus heróis da música e entrevistava alguns deles. E, ao fazê-lo, ele próprio tranformava-se num herói. Depois, já adolescente - com o meu corpo a resistir a ganhar peso e altura - continuei a seguir o Gobern: na rádio (Comercial, TSF, Antena 1); nas revistas (Visão, Focus, Sábado), nos jornais (Independente, DN). Há décadas que o João é um produto multimédia.
 
Entretanto, os meus olhos ganharam idade e miopia e passei ver o João no trabalho: no meu, no nosso. Escrevo este texto, com o João (de herói a "boy next door") a trabalhar num estúdio a dois metros de mim e a espreitar o novo livro do Gobern, que o João deixou na minha secretária. Chama-se "Tira o Disco e Toca ao Vivo" - uma variação sobre a expressão "Vira o disco e toca o mesmo". Fala sobre a indústria musical em Portugal, onde (à semelhança do resto do mundo) o disco tornou-se um objeto raro, usado para abrir portas ao mercado da música ao vivo. Ainda não li - o livro caiu-me agora no colo - mas já estou a gostar. Desde logo, pelo tema; depois, pelo nome dos capítulos (são nomes de canções portuguesas) e, finalmente, pela dedicatória que me fez: "Para o Miguel, com quem tenho o prazer de trocar umas bolas sobre (mais) esta paixão que nos aproxima - a da música."
 
Obrigado, João. Devia retribuir, mas não escrevi nenhum livro para a troca. Se calhar, devia-te comprar uma capa - daquelas, de super-herói.

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Os mortos dançam

por Miguel Bastos, em 12.05.25

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Discos perdidos. Encontrei este disco. Estava perdido, no parapeito de um estúdio cá do meu rádio. Chama-se "Spiritchaser", é dos Dead Can Dance e data do ano da graça de 1996. Não foi de graça. Tem um autocolante, no verso, a dizer 3 mil e 900 escudos - o que quer dizer que não deve aceitar pagamento em euros, nem MB WAY, nem outras modernices. Mas, permanece moderno. E permanece antigo. E é gótico e celta e africano e oriental - é um disco único e indefinível. Tem outro autocolante, na capa, a dizer "Radiodifusão Portuguesa". Radiodifundi este disco, muitas vezes. Misturava-o com coisa tão diferentes como a Banda do Casaco e os Massive Attack; David Bowie e Cesária Évora; Frei Fado d'El Rei e Peter Gabriel.
 
"Spiritchaser" foi o último disco dos Dead Can Dance para a 4AD (a editora dos Cocteau Twins e dos This Mortal Coil) antes de uma pausa, que acabou por durar 15 anos. Pelo meio, os dois membros da banda dedicaram-se a outras aventuras - com destaque para Lisa Gerrard, que se afirmou na escrita para cinema e assinou a banda sonora de "O Gladiador", com Hans Zimmer, que foi distinguida com um Globo de Ouro.
 
Estou a ouvir "Spiritchaser", meio morto, depois de me ter levantado a meio da noite, para uma manhã na rádio. Confirmo: Dead Can Dance. Mal, mas dançam.

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Revisão da matéria DaDa

por Miguel Bastos, em 13.03.25

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Os 70 anos de Reininho - e o excelente trabalho de Luís Oliveira, Raquel Morão Lopes, Cláudio Calado, Edgar Barbosa e Rui Fonseca, na Antena 3 - trouxeram-me de volta aqui.
 
Sumário: revisão da matéria DaDa
 
Os GNR entraram cá em casa, por causa do Rui Veloso. O Rui trouxe o Grupo Novo Rock, os UHF, os Táxi e os Heróis do Mar.
 
A nova música dos GNR é esquisita. Têm um cantor novo. É estranho e canta coisas em estrangeiro. Acho que não gosto.
 
O rock português fez boom e desapareceu. Gosto dos Trovante. E do Godinho. E dos outros.
 
Andam, por aí, umas coisas novas. Não sei se gosto. Os "punks" são violentos. Os outros são esquisitos.
 
Os GNR voltaram. O novo disco parece aquela banda nova, os Mler if Dada. O Dunas tem graça. O resto não sei.
 
O novo disco dos GNR, "Psicopátria", é espetacular. É melhor que Xutos. Está ao nível dos Macaus e da Sétima.
 
Os GNR são uma das minhas bandas preferidas. Nunca irão encher estádios, nem precisam. Isso é coisa de Bon Jovis.
 
"Os homens não se querem bonitos" é uma obra-prima. Não me tinha apercebido. O "Sete naves" é fado ou flamenco?
 
Acabo de ouvir "Defeitos Especiais". Não conhecida. Tem gabardines: umas pretas, outras cor-de-rosa. Bom, muito bom.
 
Os GNR ainda vão fazer concertos com os Talking Heads. São parecidos. A CEE vai adorar. O Bowie também.

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Piano de pau

por Miguel Bastos, em 16.01.25

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Tom Jobim ficou horrorizado, quando ouviu o pianista César Camargo Mariano chamar "piano de pau" ao piano acústico. "De pau", por oposição ao piano elétrico - que era de plástico. O episódio é contado por Ruy Castro no livro "O ouvidor do Brasil - 99 vezes Tom Jobim" e leva-o a uma reflexão mais alargada: "quando surge uma nova tecnologia, é a mídia antiga que muda de nome, e não o que acabou de chegar. Quando apareceu o CD, feito de metal, o velho LP passou a ser chamado de 'vinil', que é o material com que ele era fabricado. Porque não deixaram o nome LP em paz e, em vez disso, chamaram o CD de 'metal'?" E, a seguir: "Por que o telefone, diante dos celulares e 'smartphones', deixou de se chamar só telefone e tornou-se 'telefone fixo'? Por que o jornal, que há séculos nos abraça quando o abrimos de manhã, passou a ser chamado, diante dos jornais 'on-line', de 'jornal impresso' ou 'de papel'?"
 
São excelente questões. Querem ser novos? Ótimo! Mas arranjem um nome, por favor, não mudem o nome aos mais velhos. Sobretudo, quando os estão a imitar. Jobim tinha razão. Piano de quê? É preciso ter cara de pau!

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Rotações

por Miguel Bastos, em 28.10.24

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"Esse disco está a 33 rotações! É de propósito?", perguntei. "É", respondeu-me o Zé Rui. E depois, com um ar professoral, explicou-me "os LP rodam a 33 rotações. Os singles e os maxis é que são a 45". "Pois, mas esse é diferente", insisti eu, "esse toca a 45". O Zé Rui olhou para mim desconfiado e, uns minutos depois de o ter passado na rádio a 33, ouve, em pré-escuta, o disco na rotação que lhe indiquei. Olha para mim com um ar maravilhado: "Uau, que diferença".
Em "Victorialand", os Cocteau Twins prescindem, praticamente, dos sons de bateria e, como habitualmente, a voz de Elizabeth Fraser exala sons que não permitem o reconhecimento de palavras. Por isso, não admira que o Zé Rui não se tivesse apercebido que o disco estivesse na rotação errada. É o disco mais onírico, o mais poético, o mais etéreo dos Cocteau Twins. É o meu preferido. E do Zé Rui, que, na altura, me agradeceu o disco novo. Ouvi-o, esta manhã, na rotação certa. E, ainda, é novo.

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Skármeta - o carteiro de Neruda

por Miguel Bastos, em 16.10.24

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Morreu Antonio Skármeta, o escritor que deu origem ao filme 'O Carteiro de Pablo Neruda'. Cheguei até ele, por causa do filme. E, no entanto, o filme só me chegou no fim. No princípio, não foi o verbo, foi o bandoneón. Entrei na discoteca e abri os ouvidos de espanto. Que som era aquele? "Piazzolla?", perguntei. "Não", respondeu-me a voz amiga, atrás do balcão, "é a banda sonora de 'O Carteiro de Pablo Neruda'". A música, descobri a seguir, era de um compositor chamado Luis Bacalov. Um argentino, com um talento especial para bandas sonoras, que associei de imediato aos italianos Ennio Morricone ou Nino Rota. Fazia sentido, já que a ação decorria em Itália. Trouxe o disco que, para além da música propriamente dita, tinha a poesia de Neruda dita por atores como Glenn Close, William Dafoe ou Samuel L. Jackson, e cantores como Sting e Madonna. A "culpada" terá sido Julia Roberts, que insistiu em gravar (e gravou!) alguns poemas do chileno. Seguiram-se vários outros. Depois de o trazer para casa, comecei a levar o disco para a rádio. Passeava-o com Piazzolla, Danças Ocultas, Rodrigo Leão - música mais próxima da música de Bacalov - mas também dos Air ou dos Massive Attack. E, depois, veio a poesia de Neruda e o livro de Skármeta ('Ardente Paciência') que me levou a imaginar o filme, vezes sem conta. De tal forma que, quando, finalmente, cheguei ao filme (só o vi há meia dúzia de anos) foi-me difícil acreditar que nunca o tinha visto antes.
António Skármeta era chileno, como Neruda. Foi exilado, como Neruda. Diplomata, como Neruda. Foi amigo de Neruda. Deu-nos Neruda. Viveu mais anos que Neruda. Morreu, ontem, aos 83 anos.

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