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O congresso brasileiro votou a favor da destituição da Presidente Dilma Rousseff. Foi um espetáculo degradante. Cerca de 60% dos deputados que votaram contra Dilma, têm problemas com a justiça. Sobre Dilma, haverá suspeitas, mas não há acusação. Li, em vários sítios, de que nem é preciso haver. Está na cara! Não sejamos ingénuos: o governo o PT, Lula e Dilma têm muita coisa para explicar. Mas, em caso de assalto, deixar os ladrões a guardar o cofre não é, apenas, pouco prudente. É mesmo estúpido….
Há razões éticas e estéticas para nos arrepiarmos com o espectáculo degradante da votação no congresso: as claques, as canções, as declarações de voto, os empurrões, as dedicatórias. Criticou-se o Governo e o PT por politizar um processo judicial. Mas, o que se viu não foi qualquer tipo de argumentação jurídica. Foi gente a insultar Dilma, a agradecer a Deus, a elogiar a ditadura militar. A humilhar a democracia, na casa da democracia.
Este Brasil mete medo.
O rapper Kanye West anda com ideias de se candidatar à presidência dos Estados Unidos. Obama já ironizou dizendo que ninguém votará num negro com um nome engraçado. Ele já se tinha referido, a si próprio, nesses termos.
Na Europa, olhamos, muitas vezes, com sobranceria para os Estados Unidos. Achamo-nos mais cultos, mais abertos, mais multiculturais. Mas, a verdade é que foram eles que elegeram um presidente negro e podem estar à beira de eleger uma Presidente. Ou uma Presidenta, como diz Dilma Rousseff.
E em Portugal, estaremos prontos a ter uma Presidenta? Ainda não deve ser desta. Mas, é muito curioso que estejamos, pela primeira vez, com várias mulheres a apresentar candidaturas. Vivemos muitos anos com excepções: Maria de Lurdes Pintassilgo foi candidata, há quase 30 anos; Leonor Beleza teve que pedir para a tratarem por “Ministra”.
Os tempos mudaram? Com certeza. Mas não mudam sozinhos. O nosso meio político continua muito fechado sobre si próprio. Mas vai-se abrindo. As Presidentas são um bom exemplo.