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- Olá, pai, já cheguei!
- Olá, querido!
- Como é que correu o teu dia?
- Correu bem. E o teu, filho?
- Ainda correu melhor do que o teu.
- Ah, sim?! Porquê?
- Porque eu sou mais bonito!
Ontem, foi Dia da Dança. Hoje, é Dia do Jazz. Em vez de estar a fazer dias às pinguinhas, devíamos apostar em grande e fazer tudo num só dia. O Dia da Dança Jazz. Fica a sugestão.
Com que Voz (Luís de Camões, Alain Oulman)
"Tudo o que queres queres, meu doce, tu tens / Tudo o que precisas, filha, tu tens / A única coisa que eu te peço / É um pouco de respeito / Quando eu chego a casa". A canção de, Otis Reading, é de 1965. Fala de trabalho e do respeito por quem trabalha, mas talvez faça franzir o sobrolho quando o cantor diz à pessoa amada que é mais doce do que o mel, para lhe lembrar, logo de seguida, que que lhe dá todo o "seu" dinheiro e pede respeito "quando eu quero, quando eu preciso". Com quem então, uma canção machista?! Se não é, parece.
Otis morreu, dois anos depois. Não teve tempo para se aperceber do rumo que a canção tomou. Um furacão chamado Aretha Franklin gravou "Respect", nesse ano, e a canção tomou um sentido completamente diferente. Aretha começa por manter grande parte da letra, apenas com pequenas intervenções cirúrgicas: o "Tudo o que queres, meu doce, tu tens", passa a "eu tenho" e o "respeito" pedido/exigido Otis ora é suavizado, pelas manas Franklin no coro, com um "just a little bit/ só um bocadinho"; ora é enfantizado, por Aretha, quando soletra R-E-S-P-E-C-T e pergunta "Tenta perceber o que isso significa para mim". A partir daqui, o caldo está entornado: já em "fade" Aretha canta "Estou cansada / Pode ser que chegues a casa / E descubras que eu já me fui embora / Eu preciso de um bocadinho de respeito (só um bocadinho, só um bocadinho)".
Aretha transformou uma simples canção, num hino contra a discriminação racial e de género. RESPECT.
PS: Já agora, também nesse ano, Aretha Franklin gravou "You make me feel like a natural woman", de Carole King. Em 2015, a compositora foi homenageada no Kennedy Center e surpreendida por Aretha, no palco. Carole, em êxtase, ao lado do casal Obama. Para ver e ouvir aqui.
https://www.youtube.com/watch?v=pT4aRd-hCqQ
Vou chorar e já volto.
Hoje, está a ser um dia estranho: ainda não choveu... ainda não saiu ninguém do governo...
A coisa que eu mais gosto, num dia de greve, é a quantidade de vezes que se ouve a palavra "inalienável".
Foi a primeira vez que nos vimos, assim, à luz do dia. Sorri-lhe. Não respondeu. Fomos íntimos. Frequentámo-nos, quando eu saia, à noite, para dançar. Perdoou-me sempre os excessos, no tabaco e na bebida. Respeitámo-nos sempre. Sim, nesse tempo havia respeito. E os anjos não tinham sexo.
Lembrei-me desta, por causa do dia dos gatos.
- Este gajo não canta nada.
- Não sejas bruto, canta muito bem.
- Achas? Parece um gato assanhado!
- Aquilo é uma técnica.
- Uma técnica, para cantar assim? Não me lixes!
- Sim, muitos cantores usam esta técnica.
- E os gatos também, para chamar as gatas.
Eu ouvi tudo, mas não disse nada. Como gosto de gatos, fiquei caladinho.
Que nem um rato.