Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
"Esta variante Delta", disse o especialista, "é mais contagiosa, que as anteriores. Mas é preciso perceber que 'delta' é, apenas, a 4.ª letra do alfabeto". O alfabeto grego tem um comprimento parecido com o nosso: 24 letras. A Covid é, portanto, uma mistura de epopeia grega e novela à portuguesa. No episódio de hoje, o governo vai decidir se paramos ou andamos para trás.
É preciso ter calma. Muita calma. Queremos tudo e tudo para já. Primeiro, era necessário reabrir cafés, restaurantes, mercados, centros comerciais ou teatros. Mas, logo a seguir, já não chegava. Porque, ainda, havia limitações de capacidade e horários. Era preciso encher mais e alargar os horários, depressa. Bem, a Câmara de Lisboa acaba de alargar os horários: dos centros de vacinação. Tudo o resto, decidido em Conselho de Ministros, vai em sentido contrário:
- Ninguém entra e ninguém sai da Área Metropolitana de Lisboa, durante este fim-de-semana
- Dez concelhos não avançam no desconfinamento
- Vinte concelhos estão em alerta
- A próxima fase de desconfinamento, no país, não deverá avançar
Inspira... Expira... Inspira...
"A imagem não importa". "A verdadeira beleza da mulher está no interior". "Não ligo ao físico, eu quero é um homem que me faça rir". Tretas. Com esta trunfa, se eu soubesse o que sei hoje, tinha casado com uma cabeleireira.
Terceira fase. Hoje, vou tomar desconfeinado.
- Temos de almoçar depressa.
- Porquê?
- Porque o mano tem de ir tomar uma vacina.
- O quê, já?!
- Como assim?
- Pensei que o mano fosse dos últimos!
- É uma vacina que estava em atraso. Espera lá, não é a vacina que está a pensar!
- Ai, não?!
- Não. Sabes, há mais doenças e há mais vacinas. Não é só a da Covid.
- A sério? Não sabia.
Ontem, fui correr para o parque. Tinha um objetivo bem definido: perder peso. Nem que fossem 100 gramas. Encontrei, por acaso, uma amiga, que festejava o aniversário. Comi uma fatia de bolo, agradeci e voltei para casa. Quem corre por gosto, cansa. E o que não mata, engorda.
Caso já nos tenhamos esquecido, há, por aí, um bicho que mata. E há, também, uma coisa que evita que o faça: chama-se vacina. O processo de investigação e criação da vacina foi de uma rapidez nunca vista. Mas, o processo de vacinação tem sido atribulado: o fabrico e a distribuição têm sofrido vários atrasos e surgiram dúvidas em relação aos efeitos secundários de uma das marcas existentes. As dúvidas são legítimas e têm sido analisadas. Continua, no entanto, a haver uma certeza: o bicho mata.
Ontem, na RTP, o epidemiologista Henrique Barros punha as coisas da seguinte forma: se toda a população portuguesa fosse vacinada com a vacina da AstraZeneca haveria o risco de morrerem 10 a 12 pessoas, em Portugal. Uma desgraça, certamente. Mas, o que dizer das quase 17 mil mortes que já tivemos, desde o início da pandemia? Poderemos, sempre, argumentar que no início não tínhamos vacina. Mas, agora, temos. E, enquanto recusamos uma vacina e interrompemos, repetidamente, o processo de vacinação, o bicho vai matando. Só ontem, morreram 9 pessoas em Portugal: da doença, não da vacina, entenda-se. E, se pensarmos bem, é um alívio - tendo em conta que já tivemos mais de 300 mortes por dia.
Esta não é, portanto, uma discussão entre o copo meio cheio ou meio vazio. É mais entre o copo meio cheio e a rede nacional de abastecimento de água.
Taça de plástico. Serve para levar a merenda para o trabalho. Antes, achava-a muito jeitosa. Mas, agora, gosto menos. Faz-me lembrar o bicho manhoso. Passou do mata-bicho ao bicho que mata.