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No livro "Uma terra prometida", Obama aborda a saída americana da crise. Apesar de, na altura, se ter saído bem, foi muito criticado por se ter voltado, rapidamente, à normalidade - sem ter aproveitado a crise para definir "um novo normal". Isso passava por identificar as causas da crise, criminalizar os responsáveis, definir novas regras, proteger os mais indefesos. Obama compreende as críticas e, de certa forma, partilha-as. Mas, defende que era urgente manter a ordem de pé, antes de a mudar. Porque, perante uma crise, quem sofre primeiro, e durante mais tempo, são os mais desprotegidos. A crise a que Obama se refere é a crise financeira de 2008, mas é impossível não pensar na crise atual. Durante o seu mandato, Obama foi criticado à esquerda e à direita; por democratas e republicanos; conservadores e progressistas. Porque fez demais, ou de menos; porque foi demasiado rápido, ou lento; demasiado conservador, ou liberal. Fica, no entanto, a convicção de que tentou, sempre, pesar os prós e os contras, em cada decisão. Barack é sólido. Obama, mas não cai.
Estados Unidos: "Estou praticamente decidido a concorrer a presidente. O que o país quer é um candidato que não se deixe ferir por investigações ao seu passado, para que aos inimigos do partido seja impossível desencantar uma história que não seja já de todos conhecida. Se, à partida, se souber o pior acerca de um candidato, todas as tentativas de o surpreender serão derrotadas". Com eleições presidenciais à porta, é impossível não pensar num candidato. Mas não será difícil pensar noutros candidatos, neste ou noutros países, cujos defeitos se transformaram (aos olhos do leitorado) em feitio. O populismo não é coisa de agora. O texto, hilariante, é de 1879. Escreve o criador de Tom Sawyer e Huckleberry Finn: "O boato de que eu teria enterrado uma tia debaixo da minha videira é autêntico. A vinha precisava de adubo, a tia precisava de ser enterrada, e eu consagrei-a a este nobre propósito. Tornar-me-á isso indigno da presidência?" - pergunta Mark Twain. Boa pergunta!
Está confirmado. Os Estados Unidos vão ter mais um Bush a candidatar-se à presidência. Jeb parece um nome plebeu (resulta das iniciais de John Ellis Bush), mas tem linhagem: é filho de Bush I e irmão de Bush II. Os Estados Unidos - nação jovem, fresca e republicana - estão cada vez mais parecidos com as monarquias. Como a Frente Nacional, em França. Ou com as novelas da TVI, em Portugal. As sondagens dão boas hipóteses do novo Bush ser presidente. Claro que, primeiro tem que ganhar o Partido Republicano. E, depois, tem que ganhar a Hillary.
Hillary, que tem o sobrenome Clinton, já foi Primeira-dama e já tinha sido candidata. Perdeu para Obama, para quem trabalhou, depois, como Secretária de Estado. Fez o primeiro mandato e, depois, saiu para ser candidata.
Obama - que era visto como uma nova voz para a América e para o mundo - arrisca-se, assim, a ser uma espécie de interregno da onda monárquica, que invadiu a política americana. Claro que, antes, já existiam os Kennedy - que tinham mais chame e graça. Mas têm um problema: morrem muito.
De modo que a escolha pode vir a ser entre o Jeb e Hillary. Entre Bush e Estica.