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Foi o encore mais original de sempre. Laurie Anderson entra em palco, para uma citação budista e uma aula de Tai Chi. Lou Reed, lembra Laurie, era um fervoroso praticante daquela arte marcial. De tal forma que, na China, era mais conhecido como praticante de Tai Chi, do que como músico. A plateia sorriu, antes de acompanhar a aula de Tai Chi, de Laurie. Aos 78 anos, a artista realizou movimentos elegantes e precisos, no palco; com o público (atabalhoado) a tentar seguir os movimentos, na plateia - chocando mãos, braços e ombros.
Laurie já tinha evocado Lou, passou por "Big Science" e, até, cantou "Beautiful Red Dress": uma canção tão pop, tão pop, que, na altura, colocou a artista - geralmente acompanhada de etiquetas a dizer "avantgarde", "pós-coiso", e "ciber-cena" - a dançar na MTV. E, agora, a dançar, também, no Rivoli. Não se pense, contudo, que foi uma viagem nostálgica ao passado futurista. Laurie tem um olhar no presente - atento, empático, acutilante. Fala do avó sueco, para abordar o tema dos migrantes e dos refugiados. Fala de Nova Iorque, para dizer que as cidades são um posto avançado no combate ao nacionalismo. Fala de Trump, para falar de Mamdani. Fala do mestre budista, para dizer que é preciso estar atento ao mundo e lutar - com consciência - mas sem entrar em depressão. Isto, numa noite em que depressão Cláudia insistiu em descarregar água sobre os manifestantes. Mas estes seguiram estrada fora, serenos, depois de uma aula de Thai Chi.
Os dois juntos, aqui: https://www.youtube.com/watch?v=t3SYR-ENPMM
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/o-coliseu-e-nosso-protesto-do-porto-faz-30-anos_n1694832
O Napoleão andou a gastar o dinheiro todo em joias. Depois, vieram os ladrões, roubaram-lhe o Louvre e tem sido uma grande confusão em França. Sinceramente, de um imperador francês esperava-se mais do que uma imitação manhosa de um rapper americano. Enfim, a mania do bling bling…
A dada altura, chamaram aos Depeche Mode “a maior banda alternativa de estádio”. Bem apanhado. Antes deles, só me lembro dos U2 e dos Simple Minds. Mas, os U2 cresceram de tal forma, que se tornou difícil pensá-los como “alternativos”. Já os Simple Minds foram muito grandes, mas durante muito pouco tempo.
Há 40 anos, estavam no topo do mundo, com um disco “blockbuster”, que tinha tantos sucessos, que mais parecia um “best of”. Era uma vez…

Em tempos que já lá vão, o senhor Carlos Vaz Marques vivia do jornalismo. Depois de ter sido afastado do jornalismo (coisa feia!) passou a viver à custa dos jornalistas (outra coisa feia!). Criou uma editora toda catita, para lançar uns livrinhos e tal. Confesso que achei graça. Uma coisa pequenina, meia de autor… Qual quê?! Aquilo é uma máquina de fazer livros. Coisa do demo! Rebenta a guerra na Ucrânia e adivinhem quem é que tem uns livrinhos sobre o assunto? Invadem o Capitólio e quem é que já tem um livro na forja? Israel entra na faixa de Gaza e quem é que…? Estão a perceber o esquema, não estão? A coisa piorou, quando se lembrou de começar a lançar livros sobre música. Esta semana, vai sair um sobre os Beatles. Não acha que já está a ir longe de mais, sr. Carlos? A dar cabo da vida dos seus concidadãos! A paciência tem limites, sr. Carlos, mas o orçamento também tem. Oh, se tem!
https://www.rtp.pt/noticias/pais/gnr-celebram-45-anos-nos-coliseus_n1691945

Ricardo Pais já tem o seu nome inscrito na sala principal do Teatro Nacional São João, no Porto. O encenador (e antigo diretor) chama-lhe "uma homenagem pré-póstuma". E diz que se sente bem "bem melhor do que se fosse póstuma". E ri-se. Ricardo Pais parece a "Carolina" da canção de Godinho: "ar de menina, sapiência de avó". Ricardo ri-se com ar de menino - rabino, travesso: "eles deviam por umas bananas e uma Carmen Miranda ao lado, aquilo parece Las Vegas", mas, depois, emociona-se e admite que "ninguém pode desejar mais do que ter o seu nome..." deixando uma frase incompleta, na sua vida cheia. 80 anos.
Estou triste. O meu autorrádio avariou. Olho para o ecrã e vejo que estou sozinho, nesta minha tristeza melancólica. Acho que é por ser português, porque o Mozart, pelo contrário, continua todo allegro. Mas ele é da Áustria, e lá há muito sol e cangurus e surfistas e tal. Assim, é mais fácil. Não é, Amadeus?