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Para acabar, de vez, com a pandemia, a guerra na Ucrânia, a crise energética, a inflação, a fome, a mentira e a inveja.
É desta que vou comprar um carro alemão de três letras. Lá em casa, não tenho tido sucesso nas minhas alegações: "este carro está velho", "aquele carro é giro", "os outros têm direito (só eu é que não)". Agora, tenho um argumento de peso: boa gestão.
O preço dos combustíveis baixou. Ontem, ainda resisti. Hoje, não deu. Fui encher o depósito. Gastei pouco mais de 100 euros. Eu sou assim, adoro poupar!
Por estes dias, trocam-se acusações entre a esquerda e a direita; entre os vários partidos de esquerda; e entre os militantes dos partidos da direita, que vão para eleições internas. Portugal vai para eleições porque, supostamente, precisa de uma clarificação. Antes da clarificação, porém, as coisas vão ficando mais negras.
"Ai, isto da pandemia ensinou-nos que temos que mudar o chip e tal". Não mudem de chip, filhos. Só se for mesmo necessário. Não mudem, porque anda aí uma crise de chips danada. E os chips são indispensáveis aos setores do automóvel e da eletrónica. Precisamos de chips. Não precisamos de mais uma crise. Quem te avisa, teu amigo é!
Os jornais lembram-nos, hoje, que a crise começou há 10 anos. Eu sei, parece que foi ontem! As crises são como as crianças: crescem tão depressa que perdemos a noção do tempo.
… Foi então que Schindler descobriu o que lhe faltava: a guerra. Os negócios de Schindler prosperavam na Alemanha nazi. Era a primeira vez que tal lhe acontecia. Arranjou um gestor judeu e centenas de judeus, que trabalhavam, de graça, na sua fábrica. Schindler fumava, bebia, publicitava, subornava, e fechava negócios com os nazis. Schindler enriquecia. Os judeus mantinham-se vivos. Todos ganhavam.
Penso em Schindler quando há crises económicas. Ninguém tem culpa de ser pobre. Ninguém tem culpa de ser rico. Mas, quando se enriquece em tempos de crise, a coisa custa mais. Porque fica a sensação que uns lucram com o empobrecimento dos outros. Quantas vezes não ouvimos que a compra de habitação e automóveis de luxo cresce, enquanto a economia se afunda e o desemprego dispara. São negócios da guerra.
Ontem, voltei a pensar em Schindler. Por estes dias, arderam terras e casas e carros e animais. Ardeu gente. E há quem aproveita as casas vazias, para roubar; e quem se faça passar por funcionário da Segurança Social, para roubar. Como se estivéssemos na guerra: na guerra do Schindler.
Podia começar assim: "Enquanto o governo via as contas do PS, os portugueses faziam contas à vida". Mas, a frase anda longe dos factos. Primeiro, porque antes do PS apresentar as suas contas a oposição já tinha ensaiado o seu discurso do “estamos de volta a 2009”. Segundo, porque os portugueses, em vez de fazer contas, apostam nos jogos da Santa Casa. As contas foram apresentadas hoje. Diz-nos o Expresso: “Jogos da Santa Casa registaram máximo histórico em 2014”.
Um país em crise, com a Troika à perna, com cortes na saúde e na educação de que não há memória, com taxas de desemprego recorde, com uma emigração que lembra os anos 60, gasta 1880 milhões em Euromilhões e Raspadinhas.
Por isso, acho graça ao argumento do cheque em branco: “Os portugueses não querem voltar a passar um cheque em branco, nas próximas eleições”.
Vejam as contas da Santa Casa. Os portugueses são especialistas a passar cheques em branco. No ano passado, passaram um cheque de quase dois mil milhões. Com um pouco de sorte, até podem ficar milionários. O melhor, é confiar na sorte.