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- Temos de almoçar depressa.
- Porquê?
- Porque o mano tem de ir tomar uma vacina.
- O quê, já?!
- Como assim?
- Pensei que o mano fosse dos últimos!
- É uma vacina que estava em atraso. Espera lá, não é a vacina que está a pensar!
- Ai, não?!
- Não. Sabes, há mais doenças e há mais vacinas. Não é só a da Covid.
- A sério? Não sabia.
Mais velho - Acho que não gostei muito do filme.
Mais novo - Eu gostei.
Mais velho - Achei um bocado esquisito.
Mais novo - Porquê?
Mais velho - Não sei. Talvez porque, como não tinha diálogos...
Mais novo - Por isso é que eu gostei...
Mais velho - acabei por não perceber muito bem a história.
Mais novo - não tinha aquelas coisas em baixo para ler.
Mais velho - Hã?
Mais novo - Ai, credo, sou tão engraçado!
"Vê lá se a Páscoa te sai à segunda-feira", costumava dizer o meu pai. A frase podia ser dita em tom de aviso, de ameaça, ou, apenas, em tom de brincadeira. "Nesta família, a Páscoa é sempre à segunda feira", costumávamos responder. E era verdade. Na Páscoa, mudávamo-nos para a aldeia, visitávamos todas as casas de todos os tios, ajudávamos a preparar tudo para a visita pascal, estreávamos roupas novas. Havia salas que se abriam uma vez por ano: para esse dia, para esse momento. Na mesa, as melhores toalhas recebiam gasosas e laranjadas, vinho do Porto e "Martini", pratinhos de queijos e enchidos, pão e folares, amêndoas e biscoitos. Nunca havia tempo para provar tudo, porque, entretanto, mudávamos para outra casa, que tinha coisas parecidas, e depois para outra e depois para outra. Esse dia, era segunda. Por mais avisos e ameaçadas que o meu pai nos fizesse, a Páscoa era sempre à segunda-feira.
Filho - Sabes, pai, hoje um menino pôs-se debaixo da mesa e começou a chamar "Ó professora, professora, está-me a ver?" E a professora: "Não". E ele: "Oh, devo estar com problemas na câmara!"
Pai - A sério?
Filho - Sim. E, depois, uma menina começou a fazer sinais e a professora perguntou-lhe "O que é?" e ela começou a apontar para a folha. Sabes o que é que ela tinha escrito?
Pai - Não.
Filho - Dizia "Professora, fiquei sem microfone".
Com humor, as crianças estão a aprender a lidar com as novas tecnologias. Chamam-se aulas presenciais.
Gosto pouco de ficção científica. Porém, dei por mim a imaginar uma coisa que se enquadra no género. Num futuro distante, as crianças deixam de ir à escola para terem aulas, à distância, através de uns dispositivos sem fios que lhes permitem ter aulas de matemática ou geografia, enquanto vagueiam pela casa. Fica o aviso, George Lucas, se quiser fazer um filme sobre isto, vai ter que me pagar os direitos.
Gosto do Dia Mundial da Criança. Faz-me sentir mais novo.
Tinhas razão, meu filho, este livro não é para a tua idade. Fala de uma criança que foge de casa, carregando, aos ombros, uma culpa que lhe esmaga o peito. Nenhuma criança deveria carregar essa culpa. Nem ser ameaçada por adultos, que se aproveitam da sua solidão e do seu desespero. O livro parece um filme. Daqueles filmes-catástrofe, apocalípticos, de que eu nem costumo gostar. Mas - pensei - já que foste corajoso para ler as primeiras (e assustadoras) páginas e não paraste até chegar ao fim, não havia razão para eu não tentar a minha sorte. Ainda bem que tentei. Mais um livro maravilhoso de David Machado. Que fala da culpa, da coragem, da necessidade de correr riscos e de tomar decisões. Mas que fala, sobretudo, de amor e amizade. No fundo, as coisas que nos interessam: a ti a mim.
A telescola é como a escola a sério. Os intervalos são muitos fixes. Ehhhh!!!! Ehhhh!!!! Ehhhh!!!! Ohhh! Já acabou.