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"Já leste o meu livro dos Maias?", perguntou-me a Dona Tininha. "Ainda vou a meio, está a fazer-lhe falta"? "Não", respondeu-me, "mas gosto de o ver no móvel ao pé da televisão". A Dona Tininha tinha razão: ficava mesmo bem. A fazer conjunto com um outro, em tons de verde. Um verde floresta escuro, que contrastava com o bordô dos Maias. A uni-los, além da proximidade física, o dourado das letras e de umas riscas que separavam o nome do livro e do autor. O verde (não tenha a certeza) seria, talvez, "Uma família inglesa" de Júlio Dinis. Mas posso estar engando. Associo aquele verde a coisa inglesas: carros, sofás, uniformes dos colégios internos. Na volta, até era um "Amor de perdição", de Camilo. Mas esse, imagino sempre que deve ser vermelho. O móvel da Dona Tininha era de verga e tinha três prateleiras: na primeira, revistas da Crónica Feminina; na segunda, uma bonita lata de chá; na terceira, uma vasta biblioteca de dois livros, bonitos e preciosos. Despachei-me a ler o Eça. Sentia-me culpado, por fazer da casa da Dona Tininha um sítio menos belo do que o habitual.