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Dia de Portugal. Este dia, que já foi da raça, é, agora, das Comunidades. O Presidente vai ao encontro delas, espalhadas pelo estrangeiro. Todos os anos, voa para um sítio diferente. Mas há, também, novas comunidades a nascer. Pessoas que vieram de fora, mas que, também, já são de cá. Falam português, comem bacalhau e têm filhos que, por vezes, são tão (ou mais) portugueses do que dos países dos pais. E que se sentem tão portugueses, como os meninos que são filhos de pais que nasceram na Beira, no Minho ou no Alentejo. Hoje, ouvi meninos a cantar a história de Portugal e das suas várias regiões. Varri o palco, com o olhar, e vi meninos de várias origens. Pensei nos que têm origens na Rússia, na Bielorrússia ou na Ucrânia. E pensei que Portugal é um Dia Bom.
O dia 10 de Junho é Dia de Portugal. E de Camões. Ah, e das Comunidades Portuguesas. Porque é que em Portugal complicamos tudo? Um feriado que comemora Portugal, Camões e as Comunidades Portuguesas; comemora tudo, em geral, e nada, em particular. Parece que nasce de uma indecisão: “Então o que é que vamos comemorar Portugal ou Camões?”; “Não sei, o melhor é comemorar os dois”.
Um feriado para celebrar Camões terá sido ideia dos republicanos. Camões representava a glória de Portugal. Salazar, que adorava evocar as grandes figuras, manteve as comemorações. Mais tarde, juntou-lhe Portugal e a sua Raça, que se espalhava do Minho até Timor. Quando essa Raça começou a ser questionada, estoirou a guerra colonial e passou-se a evocar, também, as Forças Armadas.
Depois do 25 de Abril, a "Raça" foi substituída pelas “Comunidades”. Mas, o tipo de comemorações não mudou. Devia ser uma festa dos portugueses, mas a maioria não dá por nada. Restam os que discursam; os que desfilam na parada; os que recebem honrarias; os que analisam o discurso do Presidente da República e os que andam a chatear o Camões.