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6h51. Portugal entregou o Plano de Recuperação e Resiliência à Comissão Europeia.
António Costa, no Twitter, realçou que Portugal foi o primeiro Estado-Membro a apresentar o Plano.
Em comunicado, Ursula von der Leyen já saudou Portugal por este facto.
O que é que se passa, Portugal? A pandemia está-nos a levar a portugalidade?
[Foto: governo]
Procurei a definição de "fazer figura de urso". A Infopédia explica que é "comportar-se de forma ridícula, ser alvo de troça". Procurei, também, "fazer figura de Ursula", mas não encontrei definição. Acho que é o contrário da primeira. Não sei se vai chegar aos dicionários, mas, depois do discurso de hoje, espero que chegue aos livros de história.
[Foto: Reuters/Y. Herman]
“Durão Barroso deixa de ter tratamento VIP”. “Durão Barroso perde o direito a Passadeira Vermelha”. Os títulos poderiam ser sexy, mas são só hilariantes. Tratar o antigo presidente da Comissão Europeia como uma estrela de Hollywood (ou como uma estrela de reality shows) é ridículo. Diz muito da situação em que Durão Barroso se colocou , mas também diz muito do quadro de análise dos media.
O que se passa é que, ao deixar a Comissão Europeia, Durão Barroso optou por ir trabalhar para o banco de investimento Goldman Sachs. E o actual presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, diz que, por isso, Durão Barroso vai ser tratado enquanto funcionário da empresa e não como ex-presidente. Parece razoável. E óbvio. Devia ter sido óbvio, para Durão Barroso, que a sua entrada para Goldman Sachs iria levantar muitas questões: sobre as instituições europeias; sobre as relações entre a política e o poder económico; sobre incompatibilidades e conflitos de interesses; e sobre o seu papel, no meio de tudo isto. A forma como é recebido é uma questão lateral.
E reduzir a situação a uma questão de “passadeira vermelha” é deixar a política nas mãos da imprensa cor de rosa.
Tsipras chama “criminoso” ao FMI. Juncker responde: “não quero saber do governo grego”. Há muito tempo que não se ouvia uma troca de palavras tão azeda. Lembrei-me do “Russians”, de Sting: “Mister Krushchev said, ‘We will bury you’” e “Mister Reagan says, ‘We will protect you’”. Diz Sting, que não subscreve estes pontos de vista. “Russians”, a canção que nos assustava na RTP, falava sobre a Guerra Fria. A Rússia é o próximo destino do primeiro-ministro grego. Não há coincidências.
Nesta guerra fria, o presidente da Comissão Europeia diz que não quer saber do governo, mas quer saber do povo da Grécia. E o que diz o povo da Grécia? Diz que:
- Quer ficar no Euro
- Prefere um mau acordo, a um incumprimento que leve à saída
- Concorda com a estratégia de negociação do governo
- Quer o Syria no governo
O povo grego quer sol na eira e chuva no nabal? Quer. Acha que vai conseguir? Não, mas quer tentar. É uma incoerência? É. Resulta do desespero.