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Tirámos esta fotografia, há quatro anos. O gang do Portugal em Direto, da Antena 1, juntou-se para um almoço. Gostaria de dizer que foi um almoço frugal, com uma agenda de trabalho extensa e extenuante. Mas não foi. Foi uma festa. Fomos (muito bem) recebidos pelos camaradas de Coimbra. Não estão todos na fotografia, porque nunca estamos todos. Trabalhamos numa fábrica em laboração continua - e há sempre gente que está de serviço. Mesmo assim, juntámo-nos quase todos. Lembrei-me, várias vezes, desta fotografia - ao passar, diariamente, à porta deste local onde leitoámos (esta conjugação verbal não devia ser neologismo) com alegria. Esta é, também, uma forma de mandar um abraço especial a todos os que me receberam, em Coimbra - que eu não concebo a rádio (e a vida, em geral) sem afetos. Obrigado.
Quando fez 60 anos, a norte, a minha RTP escreveu o nome dos seus trabalhadores na parede. O meu nome está lá. E não está só, está bem acompanhado. Tenho orgulho de ter o meu nome escrito naquela parede, no local onde trabalhei quase 8 anos. Vou continuar a trabalhar na Rádio e Televisão de Portugal, apenas mais longe desta parede. Portanto, não há motivo para dramas. Eu é que sou um lamechas, agarrado às pessoas e aos locais onde habito. Onde tenho habitado. Trabalhado. Se pensar bem, a minha casa continua a ser a mesma - a Rádio Pública - só mudo de turma. Já nos encontramos, no recreio. Até já.
- Tu já conhecias os Coldplay?
- Sim.
- Há muito tempo?
- Devo ter sido das primeiras pessoas a ouvir Coldplay, em Portugal.
- A sério, pai?
- A sério.
- Porquê?
- Porque, na altura, estava a trabalhar na empresa que lançou os Coldplay.
- E, eles, já eram bons?
- Já eram belos. E amarelos.
Portugal é um país grande e pequeno, ao mesmo tempo. Isso, deixa-nos confusos. Às vezes, queixamo-nos da nossa pequenez: somos mais pequenos do que uma cidade americana ou asiática. Outras vezes, somos muito grandes: é, por isso, que é tudo muito longe. Essa dualidade reflete-se em discussões como a localização do novo aeroporto de Lisboa ou a colocação de médicos e professores no "interior" (no fundo, tudo o que seja a mais de 50 km da costa). Portugal é um país muito centralista. O conceito está interiorizado, mesmo naqueles que têm um discurso descentralizador.
Trabalho numa empresa que tem Portugal no nome. Que tem muitas das qualidades e defeitos dos portugueses. Mas, que faz um esforço (nem sempre conseguido, reconheça-se) para descentralizar. É, por isso, que tem vários jornalistas espalhados pelo país. Para que possam relatar os factos da região onde estão. Mas que possam, devam e reportem realidades de outras regiões ou outros países. E fazem-no, frequentemente. São jornalistas, de corpo inteiro.
Ontem, por razões técnicas e logísticas, os noticiários da Antena 3 foram emitidos a partir de Coimbra. Haverá quem ache isso extraordinário e quem ache que isso não é assunto. Por mim, acho graça que o tipo de Aveiro - que, habitualmente, trabalha a partir do Porto - vá ali, a Coimbra, fazer uns noticiários para todo o país (para todo o mundo) numa emissão que, habitualmente, é feita em Lisboa. Pequeno e grande, ao mesmo tempo.