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Manoel de Oliveira

por Miguel Bastos, em 02.04.25

IMG_1886.jpeg 

Em 1982, Manoel de Oliveira teve de vender a casa da família e fez um filme sobre isso. Oliveira tinha mais de 70 anos, tinha consciência de que estava no fim da vida, e decidiu que o filme só seria exibido depois da sua morte. Só que a vida prega-nos partidas e (imagine-se!), às vezes, essa partidas são boas. A vida deu-lhe mais 33 anos. Manoel de Oliveira morreu há 10 anos, aos 106 anos.

Para ouvir, aqui:

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/cineasta-manoel-de-oliveira-morreu-ha-10-anos_a1645148


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Bond, Jeff Bond

por Miguel Bastos, em 21.02.25

007.jpg 

No filme "O amanhã nunca morre", James Bond luta contra um magnata dos media. O plano do magnata é simples: provocar uma guerra mundial; transmiti-la para todo o mundo; fazendo, assim, crescer o seu império. Como acontece em todos os filmes da saga 007, a história começa mal e acaba bem, graças ao protagonista:
Bond, James Bond.
 
Comentou-se, na altura, que a figura do magnata tinha sido inspirada em Rupert Murdoch. O empresário começou a sua carreira com um pequeno jornal da família, na Austrália, e ganhou influência mundial com a compra de jornais como o "The Sun", o "The Times", o "Wall Street Journal" e o "New York Post". O império alargou-se, depois, ao mundo editorial (HarperCollins) e à televisão (Sky e Fox).
 
Entretanto, a dimensão dos magnatas cresceu, com o desenvolvimento da informática e da internet: Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zuckerberg, Elon Musk, Jeff Bezos. Este último, acaba de comprar o 007. Veremos como continua a saga. 
Bond, Jeff Bond.

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Ainda estou aqui

por Miguel Bastos, em 28.01.25

ainda estou aqui.jpg 

Há um enorme entusiamo à volta do filme "Ainda estou aqui". Fui vê-lo, no fim de semana, na última fila de uma sala cheia. Fernanda Torres enche a tela, o filme, a alma. O filme passa muito tempo (passa, não perde!) a dar-nos um retrato da vida doce e burguesa da família de Eunice Paiva (Fernanda Torres), no Rio de Janeiro. Uma vida interrompida pela prisão do marido, Rubens Paiva (excelente, Selton Mello!). É preso, porque sim. Porque era assim, naqueles tempos negros que dominam o filme. Eunice/Fernanda vai ser um farol de luz, na escuridão.
 
Fernanda Torres ganhou um Globo de Ouro, pelo seu desempenho, e fez um discurso maravilhoso, quando recebeu o prémio ("Vocês não fazem ideia: a minha mãe esteve aqui, há 25 anos!"). A mãe, Fernanda Montenegro - que os portugueses conhecem, sobretudo, das telenovelas - também entra no filme. O realizador do filme, Walter Salles, é o mesmo que tinha levado a mãe Fernanda aos Globos de Ouro, há 25 anos (com "Central Brasil").
 
"Ainda estou aqui" é um extraordinário testemunho da ditadura militar no Brasil e surge numa altura em que os movimentos antidemocráticos se alastram, em todo o mundo. Ou seja, é um testemunho, também, para estes dias ("dias de medo", diz Fernanda Torres).
 
"Ainda estou aqui" está apontado para 3 Óscares. Não sabemos, ainda, se os vai ganhar, ou não. Mas sabemos, já, o que ganhámos com ele.

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Kafkiano

por Miguel Bastos, em 24.10.24

kafka processo filme.jpg 

Como colocar o génio de Kafka, numa peça de minuto e meio?
Tarefa difícil. Mesmo assim, resolvi complicar a receita. Juntei uma vice-reitora, um professor de direito, um jornalista, cinco encenadores e uma obra-prima do cinema. Mexi bem e servi. Kafkiano, dizem.
Para ouvir aqui:

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Trafulhices

por Miguel Bastos, em 27.06.24

futebol.jpg 

- Então, porque é que os nossos produtos não a estão a vender? - perguntou o diretor.
- Estão vender, chefe. Menos, mas estão.
- Eu sei que estão, mas estamos muito longe da liderança. Alguém quer-me dizer porquê?

E, então, chegavam as justificações:
"por causa das importações diretas", "das promoções agressivas", "das regras da grande distribuição", do "dumping".

- Estamos a falar de coisas fora da lei? Se estamos, têm de ser denunciadas - continuava o diretor.
- Anda, para aí, muita trafulhice, chefe. Por isso é que os tipos estão a vender mais do que nós.
- Mas, nós já estivemos muitas vezes na liderança.
- Pois, chefe, mas agora...
- "Mas agora"... Acham, mesmo, que só há trafulhice quando estamos a perder? Ninguém acredita nisso.
- Acha que não?
- Só se for no futebol. Mas não lhes serve de nada.

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Giro de Itália

por Miguel Bastos, em 28.05.24

marcello.jpg 

- Viste quem é que ganhou o Giro de Itália?
- Não. Para mim, foi este. É sempre.

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Despedido

por Miguel Bastos, em 05.12.23

george clooney.jpeg 

Alguma vez foram despedidos? Eu já. Viram o filme "Nas Nuvens"? Eu vi. No filme, George Clooney é um especialista em despedimentos (claro que a profissão tem outro nome, é um perito em "downsizing"). Diz o especialista: "Trabalho para uma empresa que me cede a cobardes, que não têm coragem para despedir os seus próprios funcionários". E explica que têm boas razões para isso: "Porque as pessoas fazem coisas loucas, quando são despedidas". O George ainda não sabe, mas o seu lugar também está a ser colocado em causa. No meu caso, eu também não sabia, mas já desconfiava.
 
Há uns anos, tive direito ao meu George. Claro que não tinha a pinta do original, mas, mesmo assim, tinha a sua pinta. Vou-lhe chamar Jorge (à portuguesa) e adiantar que usava dois sobrenomes - condição importante para perceber a combinação que fazia entre o militar disciplinado e o "cowboy" insolente. Um beto, que dizia palavrões em telefonemas de trabalho. Um profissional, que tratava as pessoas por "você" em "tefonemas" pessoais.
 
A conversa do Jorge foi breve: "Vamos lá a isto"; "Aqui está o contrato de rescisão"; "Este é o valor de indeminização, obrigatório por lei"; "Esta é a carta para o desemprego". Depois, veio um aperto de mão, a transmitir confiança, acompanhado de um "Boa sorte" e, finalmente, um "Vemo-nos por aí". Aqui, não resisti e devolvi-lhe um sorriso amarelo, acompanhado de um "Nós nunca mais nos vamos ver, pois não?". Respondeu-me um vacilante "Nunca se sabe...", que eu atalho dizendo-lhe nos olhos: "Ouve, Jorge, eu sei que o teu trabalho é despedir pessoas e que estás a tentar ser o mais profissional possível. Mas esta era a minha vida. E, agora, acabou. E, a menos que mandem alguém, como tu, para acabar com a tua, nós não nos vamos voltar a encontrar, pois não?". "Não percebi", diz o Jorge a tentar recuperar o equilíbrio. "Se fores despedido, podemo-nos encontrar no Centro de Emprego ou na Segurança Social ou assim. Caso contrário, é pouco provável, não é?". O Jorge esboçou um sorriso e despediu-se. Mas só de mim. Como nunca mais o vi, presumo que continue a trabalhar.

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Spoiling

por Miguel Bastos, em 22.11.23

loura.jpg 

- Eu não quero fazer fazer "spoiling", mas podes-nos contar mais um bocadinho da história? - perguntou a jovem entrevistadora.
- Bem, - respondeu a jovem atriz - penso que muita gente já conhece a história...
- Ai, sim?!
- Sim, afinal baseia-se num conto de Eça de Queirós.
- Ahh, não tinha realizado.

"Pois não", pensei eu com os meus botões, "por isso é que o Manoel de Oliveira resolveu arriscar".
Já agora, uma das melhores formas de evitar o "spoiling" é apostar no "reading". Estão a realizar? 

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Nouvelle Vague?

por Miguel Bastos, em 21.11.23

milei.jpg 

A Argentina tem um novo Presidente. Javier Milei tem um ar de "Nouvelle Vague" francesa, mas é da velha guarda sul-americana.

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Ser alemão

por Miguel Bastos, em 06.11.23

kraftwerk.jpg 

A questão é identitária: como ser alemão, depois do nazismo e da destruição da Alemanha, no final da Segunda Guerra Mundial? Qualquer afirmação identitária, no final dos anos 60, fazia soar o alarme e ressuscitar fantasmas. De resto, ainda faz. O livro de Uwe Schütte sobre os Kraftwerk fala, abundantemente, sobre o assunto. Nascidos na Alemanha Ocidental, na cidade Düsseldorf, em plena região industrial do Reno-Ruhr, os Kraftwerk queriam fazer um tipo de música que se inspirasse e refletisse a cultura alemã. Começaram por negar todos os clichês da música pop-rock anglo-americana: os cabelos compridos, as calças de ganga, os casacos de cabedal, as poses "sexy", as guitarras. De seguida, assumiram a ideia estereotipada dos alemães: frios, disciplinados, eficientes, burocráticos. Visualmente, pareciam cientistas ou engenheiros ou académicos ou gestores. Definiram-se - não como artistas ou músicos - mas, como "trabalhadores". Era tudo tão exagerado, que alguns perceberam logo que havia um lado profundamente irónico e subversivo. Outros não perceberam, ou demoraram mais tempo a perceber. Exploraram temas relacionados com a ciência e a tecnologia, desenvolvendo (e personificando) a relação homem/máquina. E fizeram-no, buscando inspiração em várias referências artísticas alemãs, da República de Weimar: do cinema, da fotografia, do design ou da arquitetura. No fundo, defende Uwe Schütte, os Kraftwerk foram buscar muitas das ideias de futuro, nesse passado: fosse no cinema de Fritz Lang, ou no design da Bauhaus. Essa opção artística ajuda-nos a perceber porque é que, ao fim de mais de 50 anos, ainda faz sentido um livro com este título "Kraftwerk: Future Music from Germany". Porque é que os Kratfwerk ainda são futuro.

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