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Vida

por Miguel Bastos, em 19.06.24

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80 anos. Dia de celebrar a vida de Chico Buarque. A sua e todas as que tem cantado.

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Cheiro a cera

por Miguel Bastos, em 07.12.22

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As memórias têm cheiro. Os discos também. Este, cheira a cera. Daquela tradicional portuguesa, que se punha no chão de tábua corrida. O disco é brasileiro, bem sei: Caetano e Chico - os dois maiores da MPB - "Juntos e ao Vivo". Ouvimos muitas vezes, lá em casa. "Quando eu chego em casa nada me consola". Enquanto passávamos o esfregão de aço, para retirar a cera velha. "Você está sempre aflita". Enquanto varríamos o pó. "Lágrimas nos olhos, de cortar cebola". Enquanto passávamos a esfregona. "Todo o dia ela faz tudo sempre igual". Enquanto espalhávamos cera nova. "Todo dia eu só penso em poder parar". Enquanto puxávamos o brilho. "Eu quero é dar o fora". Quem não? Quem nunca? Caetano e Chico. Ah, aqueles dois! Aqueles dois sabiam da vida. Aqueles dois sabiam de nós. Encerar tornava-se poético, com Caetano e Chico a cantar o quotidiano. Devíamos-lhe isso. Pagámos-lhes, com cheiro a cera fresca, portuguesa, acabada de pôr.

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Otelo, pá

por Miguel Bastos, em 26.07.21

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No meio de um ambiente cinzento, havia o tio Jorge. Otelo e a irmã gostavam de imitar o tio. Chamavam-lhe a brincadeira dos “pás”. “Eh pá, vamos comprar cigarros”, dizia um. “Eh pá, vamos ao café”, dizia outro. Quando li isto, na biografia de Otelo Saraiva de Carvalho, de Paulo Moura, sorri.

Eu também brinquei aos “pás”, com os meus irmãos. Nós dizíamos “brincar aos jovens”. Falávamos ao telefone, íamos à praia, passeávamos de carro, bebíamos “cocktails”, íamos ao cinema e à discoteca. Os exemplos, vinham das novelas. Nós não tínhamos um tio Jorge, cosmopolita e “bon vivant”, que trabalhava numa companhia aérea. Mas dizíamos “pá”.

Em 1974, Otelo brincou, de novo, “aos pás”. Foi no 25 de Abril. O estilo manteve-se: “Mónaco e México já caíram nas nossas mãos.”; “Eh pá, palavra de honra? Isso é porreiro, pá”; “Desculpe, lá, qual é o seu nome?”; “Otelo Saraiva de Carvalho”; “Eh, pá!”.

Francisco Buarque de Holanda imortalizou a brincadeira numa canção: “Sei que estás em festa, pá”; “Eu queria estar na festa, pá”; “Lá faz primavera, pá”. O Chico, pá, a falar como o Otelo!

[Texto publicado, originalmente, em 22 de Junho de 2015]

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Waldemar Bastos

por Miguel Bastos, em 10.08.20

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“Existe um lado bom em pertencer a um povo que foi colonizado”, disse-me um dia Waldemar Bastos, “que é poder conhecer bem a cultura do colonizador, sem perder as raízes da sua própria cultura”. Penso sempre nesta frase de Waldemar Bastos quando sinto, à minha volta, que muitos portugueses lamentam o facto de não terem nascido americanos ou ingleses. Eu gosto de pensar que tenho sorte. Eu conheço-lhes os Doors ou os Beatles. Eles não fazem ideia de quem é José Afonso ou Sérgio Godinho. Perdem eles.
 
Conheci Waldemar, num disco dos Heróis do Mar, e nunca mais parei de o ouvir. Foi a partir de “Africaninha” que cheguei à “Velha Chica” e percebi que, afinal, a canção dos Heróis era uma espécie de sequela do tema que Waldemar cantou com Martinho da Vila (num álbum-estreia que contava com Chico Buarque). A partir daí, passei a estar atento àquele angolano de voz triste e doce. À forma como misturava a música da sua Angola, com outras músicas de África, de Portugal, do Brasil, do mundo inteiro. Mundo que passou, depois, a conhecê-lo. Sobretudo, depois de David Byrne ter editado a sua música no final dos anos 90, em plena euforia da chamada “world music”.
 
Waldemar Bastos é um artista extraordinário. Continua a ser. Morreu hoje, aos 66 anos.

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Chico esperto

por Miguel Bastos, em 22.05.19

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Amigos, fazem muito bem em vir para aqui recordar as (excelentes) canções de Chico Buarque. Mas já agora, deixem-me recordar-vos que o Prémio Camões, deste ano, também escreve livros. E muito bons, por sinal.

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