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Vivemos num tempo de especialização - continua e progressiva. Ser (realmente) bom numa coisa, implica (geralmente) abdicar de tudo o resto. São poucos aqueles que são verdadeiramente bons, em várias coisas: simultânea ou alternadamente. Enciclopédico, Mega Ferreira foi jornalista, escritor, gestor, sonhador, fazedor: na RTP, no JL, na Ler, na Expo, no CCB. Há muito, que o tempo não está de feição para os homens da renascença. Mega Ferreira foi contra o tempo e renasceu várias vezes. Hoje, morreu.
«A música», dizia Hitchcock, «a música é o segredo!». Este ano, o programa dos Dias da Música, do CCB, é dedicado ao cinema. Pensamos no génio do suspense e pensamos na cor, no movimento da câmara, nos actores. Mas o segredo, pelos vistos, está na música. Neste caso, de Bernard Herrmann. Que assusta. E muito.
Kubrick herdou essa preocupação. Conta-se que voltava a filmar uma cena, por causa da música. Deu-me a ouvir o Danúbio Azul, de Johann Strauss II, ou o Assim falou Zaratustra, de Richard Strauss. Só depois é que vi o filme 2001: Odisseia no Espaço.
Como seria a cena final do Platoon, sem o Adágio de Cordas, de Barber? Como seria a cena dos helicópteros do Apocalipse Now, de Coppola, sem a Cavalgada das Valquírias, de Wagner? Conseguem imaginar a Pantera Cor-de-Rosa, sem a música de Mancini?
A música e o cinema namoram muito. Por vezes, a coisa dá em casamento: Nino Rota e Frederico Fellini; John Williams e Steven Spielberg; Ennio Morricone e Sergio Leone.
Gosto muito de música para cinema e de música no cinema. Bela escolha, a do CCB.