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25 de Abril, é só nosso?

por Miguel Bastos, em 27.04.23

maxwell.jpg

O 25 de Abril é "nosso", foi um dos argumentos utilizados para questionar ou, mesmo, repudiar a presença do presidente do Brasil, em Portugal. É "nosso", sim. Mas, será só nosso? Dei por mim a reler partes deste livro do historiador britânico Kenneth Maxwell (especialista em Portugal, Espanha e Brasil). O livro aborda "A construção da democracia em Portugal", centrando a sua análise no período entre 1974 e meados da década de 1980 - com a entrada na CEE, a eleição presidencial de Mário Soares e as maiorias absolutas de Cavaco Silva. Mas contextualiza este período, de pouco mais de 20 anos, com a história de Portugal: desde a sua fundação, até ao período do Estado Novo. O livro do historiador termina com Ciência Política, evocando a "terceira vaga de democratização", de Samuel Huntington. De acordo com esta teoria, o 25 de Abril foi o precursor da transição democrática nos países da América Latina e da Europa de Leste, na transição dos anos 80 para os anos 90. Fomos, portanto, uma inspiração para o mundo. Mas, pelos vistos, há quem prefira que sejamos os maiores da nossa aldeia.

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Comó Cavaco Silva

por Miguel Bastos, em 29.11.22

barroso soares cavaco.jpg 

A avó não parecia muito convencida.
- Então, mas ela não tinha acabado o curso?
- Já. Mas, agora, vai receber o diploma de doutoramento.
- Mas, ela não era doutora?
- Era. Quer dizer, mais ou menos. Era licenciada.
- Não percebo.
A avó não estava, mesmo, convencida.
- Quando as pessoas tiram o curso, são chamadas de doutora.
- Mas tinha acabado, ou não?
- Acabou. Mas, depois, tirou o mestrado e, de seguida, o doutoramento.
- Não percebo nada.
- Por exemplo, está a ver o Mário Soares?
- O que é que ele tem?
- Tem um curso, uma licenciatura. É, por isso, que dizemos "o doutor Mário Soares".
- Exato.
- Já o Cavaco Silva...
- Ele não fez o curso?
- Fez, mas fez mais do que isso. Depois de fazer o curso - como o Mário Soares - , foi estudar uns anos para o estrangeiro e tirou o doutoramento.
- Hum...
- Por isso, é que lhe chamam "Professor Cavaco Silva" ou, então, "Professor Doutor Cavaco Silva".
- Ahhh...
- Porque é doutor - como o outro - mas está um patamar acima. Para além de doutor, é professor.
Desta vez, a avó pareceu mais convencida. Uns dias depois, ouvi a conversa.
- Então a sua neta, está boa?
- Está. Sabe, ela agora é doutora...
- Sim, senhora. Parabéns!
- Mas não é "comó" Mário Soares, não.
- Ai, não?!
A avó, de peito inchado e dedo em riste.
- Não, ela, agora, é doutora "comó" Cavaco Silva!

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As reformas

por Miguel Bastos, em 11.04.22

De acordo com Cavaco Silva, António Costa terá "um grau de coragem política muito baixo". Esta manhã, Cavaco assina duas página de coragem, no Público, para concluir que "não se detetam sinais de um ímpeto reformista" no atual programa de governo.



Sejamos justos, as reformas foram sempre uma marca política de Cavaco Silva. Tanto que, quando teve que optar entre o salário de presidente da República e as reformas, optou, corajosamente, pelas reformas.

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A mocidade

por Miguel Bastos, em 14.02.22

zita.jpg

Vejam lá, como ela é moderna! Que nem precisa "de ver a RTP, a SIC, porque, com o Twitter, ficamos a par do que se está a passar, e com mais rigor do que quando é filtrado por alguém". Portanto, Zita Seabra só lê coisas à roda dos 140 carateres, mas gosta do expor o ego ao Sol, em 6 longas páginas. Um ego fresco e jovem, que anuncia a morte do PCP, do PSD e do CDS. E que exaspera com um Portugal envelhecido, que parece um museu. Zita sabe do que fala, porque ela também já foi muito velha. Lembro-me dela, em comícios e debates, com o seu ar de professora de liceu, de saquinho de cabedal a tiracolo, a apontar o dedo a jovens reformistas, como Mário Soares e Cavaco Silva. Mas, entretanto, Cavaco deu-lhe a mão e Zita aproveitou para fazer um "reset". E, depois, um "restyling" completo, com muito liberalismo e Vox e Chega e Salvini e os tweets de Donald Trump. Que bonita, a mocidade Zita!

Pode ler a entrevista aqui, ou na imagem

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Amordaçado

por Miguel Bastos, em 08.03.21

Portugal Amordaçado.jpeg

Depois do discurso sobre a "democracia amordaçada" e o "cinquentenário da Revolução de Abril", resolvi regressar às páginas deste livro de Cavaco Silva. É, sem dúvida, o seu livro mais interessante.

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35 anos na CEE

por Miguel Bastos, em 12.06.20

cee.jpg

Soares 85, Cavaco 85, PRD 85, BCP 85, Continente 85, Amoreiras 85, Freitas 86, Soares 86, Madredeus 87, Maioria absoluta 87, FP-25 87, Chiado 88, Rosa Mota 88, Independente 88, Berlim 89, TSF 89, Público 90, A1 91, Timor 91, BES 91, Sub 20 91, Maastricht 92, SIC 92, CCB 92, Geração Rasca 92, Monteiro 92, Siza 92, Cunhal 92, Lisboa 94, Ponte 25 Abril 94, Guterres 95, Sampaio 96, Portas 97, Aborto 98, Ponte Vasco Gama 98, Expo 98, Saramago 98, Amália 99, Bloco 99, Timor 99, Macau 99, Serralves 99, Figo 2001, Porto 2001, Barroso 2002, €uro 2002, Casa Pia 2002, Euro 2004, Santana 2004, Sócrates 2005, Casa Música 2005, BCP 2006, Cavaco 2006, Aborto 2007, Ronaldo 2008, BPN 2008, Fado 2011, Troika 2011, Souto Moura 2011, Passos 2011, BES 2014, Operação Marquês 2014, PT 2015, Oliveira 2015, Costa 2015, Marcelo 2016, Euro 2016, Guterres 2016, Eurovisão 2017, Incêndios 2017, Covid 2019, Brexit 2020. Portugal assinou a Adesão à CEE em 1985. São 35 anos na Montanha Russa.

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Unidade

por Miguel Bastos, em 08.10.19

Cavaco Silva está triste com o resultado do PSD. Cavaco Silva diz que Maria Luís Albuquerque é "uma das mulheres com maior capacidade de intervenção" que conheceu. Cavaco Silva considera que é preciso "reconstruir a unidade do partido". Luís Montenegro só deverá falar sobre a "unidade do partido", na quinta ou sexta-feira.

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Presidentes na Pastelaria

por Miguel Bastos, em 08.03.16

ex presidentes.jpg

“Eanes é um senhor. Ontem, esteve bem ao falar do ultimato. Sampaio também esteve muito bem. São dois grandes senhores. Continuam a ser. Foram os melhores Presidentes da República. O Soares não foi mau. Esteve bem no primeiro mandato, mas no segundo excedeu-se. Não admira. É um egocêntrico. Só pensava em si. Era ele e ele e a mulher dele… Ainda bem que saiu.”

 

Não cheguei a saber o que é que a minha amostra de duas senhora na casa dos 60/70 anos, classe media alta, que frequentam a minha pastelaria acharam de Cavaco. De Marcelo, uma tem-lhe simpatia a outra responde “É muito fala barato e, em termos de ego, lembra o Soares”.

 

É, por isso, que é muito difícil de falar sobre “os portugueses”, atribuindo-lhe características comuns. Mário Soares foi um Presidente extremamente popular. E, no entanto, muita gente que não gostava dele. Como a senhora ao meu lado. A conversa começou com um “Viu o programa sobre o Marcelo?” e com a resposta “Não vi não. Mas também não me interessava muito, queria ouvir o Eanes e o Sampaio”.

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O anti-Cavaco

por Miguel Bastos, em 07.03.16

marcelo e cavaco.jpg

Marcelo no lançamento do livro sobre Marcelo. Marcelo na última aula. Marcelo na última arguência. Marcelo a torcer pelo Braga. Marcelo a dizer que o Presidente não pode tomar banho no mar. Não há dúvida: a imprensa está enamorada por Marcelo. Chamam-lhe “Presidente Eleito”, uma nomenclatura que nunca tinha sido usada em Portugal. A imprensa não refere a fonte. Foi Cavaco que o batizou. A imprensa não cita Cavaco.

 

Mário Soares foi, durante muitos anos o “ex-Presidente”. Mais uma designação que nunca tinha sido usada. Foi difícil despedirmo-nos do Presidente Soares. Soares era fixe. Sempre foi. Soares dise que Sócrates era o anti- Guterres. Marcelo é o anti-Cavaco. Cavaco é formal, Marcelo é familiar. Cavaco é palavroso, Marcelo é direto. Cavaco é sisudo, Marcelo é bem-humorado. Cavaco é frio, Marcelo é quente. Marcelo é “cá dos nossos”. Tem a imagem certa, o ritmo certo, as palavras certas.

 

Enquanto Cavaco se despede do cargo, os media “fingem” que foi despedido. Tem os índices de popularidade mais baixos de sempre, é certo. Mas foi votado: uma, duas, três… várias vezes. Há uma espécie de alívio coletivo pela saída de Cavaco. Mas ele sai pelo seu pé. As atenções voltam-se agora para Marcelo.

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