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Morreu Pau Donés, cantor dos Jarabe de Palo. A banda espanhola/catalã (pouco conhecida em Portugal) dedicou-se a misturar pop, rock e blues, com música latina e rumba catalã. Por estes dias, em que o racismo voltou a ser falado pelas piores razões (e é sempre pelas piores razões) lembrei-me muitas vezes deste tema: "En el puro no hay futuro" mistura vários estilos musicais, numa canção que enaltece a mistura racial. Diz o refrão :
E eis que a lei Bosman chega à política. Manuel Valls - antigo primeiro-ministro francês - é candidato à Câmara de Barcelona. A lei Bosman, recorde-se, reconheceu que os futebolistas são trabalhadores comunitários E, assim sendo, tinham liberdade de circulação dentro do espaço europeu. Valls, que é também um trabalhador europeu, é contra a independência da Catalunha: um europeu, contra o nacionalismo. Se circula bem a bola, não sei. Mas aconselhava-lhe um bom empresário.
Quim Torra é a nova aquisição do Puigdemont FC. Esta tarde, vão dar uma conferência de imprensa conjunta, em Berlim. Não sei porquê, mas Quim Torra parece mais nome de reforço do Salgueiros ou do Amora.
Em Portugal, dizemos que são escapadinhas. O slogan é “vá para fora, cá dentro”.
Puigdemont quer resolver a questão da Catalunha: "lá fora", com Rajoy. Vamos resolver isto "lá fora" é uma coisa que soa a macho latino à pancada, junto à taberna. Mas, vindo destes dois, será uma coisa diferente. Antes do "lá fora", Puigdemont vai esperar - até ter a certeza que ninguém o vai magoar. E Rajoy vai estudar a constituição - para ter a certeza que os hematomas estarão de acordo com as regras.
Um nacionalista da direita conservadora e cristã, apoiado pela extrema-esquerda, declara a independência e foge para Bruxelas, onde é acolhido pela extrema-direita separatista, com o apoio de um advogado da ETA. Confuso? Claro que sim! Mas, ao mesmo tempo, esclarecedor...
"Houve atores políticos que procuraram manipular as populações, ao serviço dos seus interesses. E, infelizmente, tiveram êxito." António Guterres falou. Não foi sobre a Catalunha. Foi sobre a República Centro Africana.
Este fim de semana há taças no futebol. Em Portugal, joga-se a Taça de Portugal. Em Espanha, a Taça do Rei. Em Portugal, toca-se o hino de Portugal. Em Espanha, ameaça-se assobiar o hino de Espanha. Porquê?
Porque as equipas finalistas são o Barcelona e o Atlético de Bilbau. Duas equipas, de duas regiões espanholas com correntes independentistas: a Catalunha e o País Basco. O governo espanhol já veio pedir para se respeitar o hino e as instituições. Uma das instituições é a família real. E verdade, a Taça do Rei é entregue pelo… rei. Que também está sob ameaça de vaias e assobios.
Isto não faz sentido. As equipas jogam a competição e só agora é que repararam que jogaram com equipas espanholas? E só agora é que reparam no nome da competição?
Claro que não. O futebol espanhol está no topo do mundo. O mundo vai estar de olhos postos em Barcelona. E, para alguns defensores da independência, esta é uma oportunidade, que não se pode desperdiçar.
O desporto rei tem destas coisas. Ou então, nada disto tem a ver com o desporto. Nem com o rei.