Whitney Houston morreu, há 10 anos. Há 10 anos, (lembro-me bem) os canais de notícias portugueses resolveram colocar imagens em direto dos canais americanos, para acompanhar as cerimónias fúnebres da cantora. A antecessora da CNN Portugal (que, não sei se se lembram, se chamava TVI 24) ia tentando acompanhar a cerimónia em direto, com narração em português. Viam-se imagens da família e de pessoas do mundo da música e do espetáculo, mas as pessoas, em estúdio, não as reconheciam. Entretanto, chamaram (e bem) algumas pessoas da rádio. Porém, também não ajudaram muito. Algumas, escolheram o registo pessoal e disseram coisa tão importantes como "quando saiu o 'Bodyguard' chorei baba e ranho" (algo que qualquer leitor da Crónica Feminina poderia ter dito). Outras, puseram o coração (e o ranho) ao largo e agiram como profissionais. "Aquela senhora deve ser avó da Whitney", dizia um. Era a cantora Aretha Flanklin. "Eu acho que não, acho que aquela é a Aretha Franklin. A mãe..." ("sim, a mãe, que disparate", dizia o da avó) "deve ser a outra senhora". A outra senhora era a cantora Dionne Warwick. "Que também é cantora", dizia a outra.
"É", disse eu, em voz alta "são todas. A Aretha Franklin é cantora (talvez a maior cantora "soul" de sempre). A Dionne Warwick (maravilhosa!) também é cantora. Mas não é avó, nem mãe de Whitney. É prima. E é sobrinha de Cissy Houston (também cantora), mãe de Whitney".
"Estás um bocado irritado", disseram-me lá em casa. "Estou", respondi, "porque ou isto não é importante e não sei porque é que estão a fazer esta emissão. Ou, então, convinha que não dissessem tantos disparates".
Whitney Houston morreu, há 10 anos, vítima dos mesmos excessos, de outras vedetas do mundo da música. Sempre achei que tinha uma voz e um talento muito superiores à sua música. Uma pena.
As televisões mudam de nome, mas continuam a fazer maratonas de disparates. Outra pena.