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Na canção "Waterloo", uma mulher (cantada por duas) prometia render-se ao amor, como Napoleão, na Batalha de Waterloo. Temeu-se o pior. Por mais inocente que fosse a comparação, havia, ali, uma referência a uma das datas mais marcantes na história da Europa. E com política não se brinca.
A canção venceu o Festival. Foi há 50 anos.
Muita gente pensa que os ABBA são uns tontos que fazem, apenas, canções alegres e frívolas. Talvez desconheçam as referências à revolução mexicana, em "Fernando", ou ao êxodo de milhares de pessoas, do leste europeu para a Europa ocidental, em "The Visitors". Desconhecem, talvez, que a carreira dos ABBA foi interrompida porque os compositores da banda queriam fazer (e fizeram!) um musical sobre a Guerra Fria.
No ano em que o Festival da Eurovisão celebrou a vitória de "Waterloo", na terra dos ABBA, quis-se inventar a ideia que a Eurovisão nunca teve nada a ver com política. E há, até, quem acredite.
Já não temos fome mãe
Mas já não temos também
O desejo de a não ter
Já não sabemos sonhar
Já andamos a enganar
O desejo de morrer
Ai, Amália, você mata-me! E eu ainda não estou preparado para ... bem, você sabe!
A canção pode ser ouvida, aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=TUq1MYIDttY