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"Eu vou botar um pouquinho de sotaque, um pouquinho só", disse Vinicius de Moraes, antes de oferecer, a Amália, o fado "Saudade do Brasil em Portugal". Foi registado, em 1970, num disco conjunto. Passaram mais de 50 anos, e Caetano (um eterno apaixonado por Amália e pelo fado) repete a gracinha. Bota um sotaque para cantar "Você-Você", com a maravilhosa Carminho - que já cantou o tema de Vinicius e está habituada a cantar com os deuses. A canção está aqui, com um vídeo a registar o momento, mas o disco "Meu coco" merece ser ouvido, de fio a pavio. Começa por nos cantar que "O português é um negro dentre as eurolínguas", para (espero não estar a dar com a língua nos dentes) nos levar aos mais variados "brasis", até desembarcar em "Você-você". Não é, no entanto, o fim da viagem. Depois de um "quase fado", com o bandolim a fazer de guitarra portuguesa, chega a certeza de que "Sem samba não dá". A chegar aos 80 anos, o mais jovem de todos nós, dá-nos um "best off" de inéditos: intemporal e contemporâneo, ousado e familiar. Caetano dá-nos uma obra prima. A obra prima do mano. O mano Caetano.
Ter dois amigos ou familiares, que não se gostam, na sala de estar, é das coisas mais embaraçosas que existem. Tendencialmente, achamos que, se a pessoa A gosta de nós e a pessoa B também, elas devem-se gostar entre si. Infelizmente, descobrimos que, muitas vezes, não é assim. E passamos a ter que convidar um ou outro, alternadamente. Passa-se o mesmo, com os nossos heróis.
No livro "Verdade tropical", Caetano Veloso escreve acerca da surpresa que teve, ao descobrir que o seu herói, João Gilberto, não gostava de Chet Baker. Confesso que também fiquei surpreendido. E, mais ainda, ao descobrir, no mesmo livro, que o meu herói, Caetano, não gostava de David Bowie. Não dá a entender, diz, preto no branco, que não gosta. Sem se importar com os meus sentimentos. Bowie também é o meu herói (com Caetano e Godinho, compõe, talvez, a minha "Santíssima Trindade"). Bowie faria, hoje, 75 anos. Hoje, vou juntá-lo, na minha sala, com Caetano. Pode ser que resulte. Nem que seja "Just for one day". Veremos.
100 anos de Clarisse. Literatura. Cor-de-rosa.
Christo morreu. Três dias depois, Jesus assina pela Flamengo. Ele há coincidências...
[Foto: Reuters]
Os presidente dos Estados Unidos e do Brasil querem reabrir as igrejas. À força, se for preciso. São os dois países onde, atualmente, se morre mais, em consequência da Covid-19. É bom saber que em Portugal, pelo contrário, as igrejas vão reabrir com pinças.
Mário Frias é o novo secretário da Cultura do Brasil. O actor entrou na telenovela Malhação. Não conheço. Eu sei que Bolsonaro é um presidente todo moderno e progressista, mas não dava para convidar alguém de uma novela mais antiga? Um coronel da Gabriela ou coisa assim...
A demissão do ministro da Justiça do Brasil lembrou-me o nome do velho filme de Billy Wilder que imortalizou Marylin Monroe. "O pecado mora ao lado" é uma comédia romântica, que aborda o tema da infidelidade. "O pecado Moro ao lado" tem uma temática parecida, mas não tem graça nenhuma. [Foto: Ueslei Marcelino, Reuters]