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Normalmente, o lançamento de um disco não é assunto de noticiário. E nunca é abertura de noticiário. Mas, há 30 anos, foi. Lembro-me da TSF abrir o noticiário das 8 com guitarras distorcidas, sons industriais, eletrónica ambiental, ritmos tribais a desaguar na dança, e uma voz carregada de efeitos. Um OVNI, na rádio portuguesa. Um OVNI planetário, soube depois. Os pacifistas U2 desencadearam uma espécie de blitzkrieg artística. Eu, que era leitor do Blitz (e do Sete, do Público, do DN, do Expresso, e do NME e do Melody Maker...), fui apanhado pelo ataque surpresa. Os U2 mudaram tudo: da luz do sol, para as luzes de néon; da América para a Europa; do deserto para a metrópole; da flanela para o nylon; do rock puro e duro, para o rock sujo, industrial, eletrónico, rítmico, pulsante. Olhei, boquiaberto, para Bono - maquilhado, com óculos de mosca, repleto de brilhos - e esfreguei os olhos e os óculos. Um Bono mais Bowie do que Dylan. Nunca visto, nunca ouvido.