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- Então, Vera, a comer chocolates?!
- Pois estou, Miguel. São belgas. Deliciosos.
- Então, e a dieta?
- Acaba de ser interrompida. São muito bons.
- Pois, mas engordam.
- Ai, acho que vou comer a caixa toda!
- Então, anda dias e dias sem comer e, agora, é isto?
- Qual é o problema?
- O problema é que vai voltar a engordar.
- Mas são tão bons!
- Mas engordam na mesma, Vera.
- Ah, mas eu só engordo com coisas boas!
"Onde estás tu, papá?", canta Stromae em "Papaoutai". "Onde estás tu, papá? Onde é que te escondeste?", pergunta angustiado. A mãe tenta dar-lhe conforto: "Ele não está longe. Foi trabalhar. Sempre é melhor do que estar mal-acompanhado". É impossível não pensar na história do próprio Stromae / Paul Van Haver: filho de mãe belga, orfão do genocídio de 1994, no Ruanda. Mas é, também, difícil não pensar em tantas crianças que, por estes dias, estão a perder os pais (provisória ou definitivamente). "Toda a gente sabe como é que se fazem os bebés", diz Stromae, "Mas ninguém sabe como é que se fazem os papás". Não, não sabe. Desconfio, porém, que se fazem com filhos. Esses, que, agora, estão a separar dos pais.