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A manchete do JN diz-nos, hoje, que os “Jovens consideram normal violência entre namorados”. O subtítulo aprofunda: “27% dos jovens consideram normal a violência psicológica no namoro e 13% legitimam a violência física” E conclui: é “Alarmante”. Pois é.
Descreve-se Portugal como um país de brandos costumes. Mas temos ditados como “Quanto mais te bato, mais gostas de mim” e “Entre marido e mulher ninguém mete a colher”. Há quem diga, que isso era no tempo da outra senhora. Há quem diga, que agora é que não há respeito.
- O que é que posso fazer com a Sofia? - pergunta Harpo.
- Bate-lhe! - responde-lhe Celie, habituada a apanhar do marido.
A cena é do filme A Cor Púrpura. É um retrato americano do início do século XX. Celie era violada pelo pai, que lhe tirou os dois filhos que lhe fez. Depois, pelo marido, que lhe tirou a irmã. Mais tarde, ajudada por outros personagens, Celie vai tomando consciência da sua situação e, no final, emancipa-se.
Parece uma tragédia tão distante, tão antiga - com negros, violência, discriminação racial e sexual. Pois, mas não é. É aqui. E é agora.