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"Shakira, Shakira!", dizia o rapper de gosto questionável, num tema de gosto questionável. "Devem ser duas", pensei. São duas. A primeira, conhecia-a algures nos anos 90 e achei-lhe graça. A segunda, não gostei nem um bocadinho. Era a cantora de "Whenever, Wherever". A canção pingava, várias vezes por dia, numa rádio inundada de azeite - que eu era obrigado a ouvir, por motivos profissionais. Uma dessas Shakira entrou, depois, na banda sonora do filme "O Amor nos Tempos de Cólera". Terá sido uma proposta do próprio Gabriel García Márquez. Na altura, o escritor afirmou que Shakira era uma das grandes cantoras da atualidade e um símbolo da nova sensualidade colombiana. "Coitado", pensei, "está velhinho"! Fui ouvir a banda sonora e... o velhinho tinha razão. Esta Shakira, é maravilhosa. A outra, não me interessa. Terá sido essa, que se separou do jogador de futebol e fez uma música sobre isso ("Fraquinha, fraquinha!"). Não gosto dessa, gosto desta. Ele há gostos... e Hay amores.
E eis que a lei Bosman chega à política. Manuel Valls - antigo primeiro-ministro francês - é candidato à Câmara de Barcelona. A lei Bosman, recorde-se, reconheceu que os futebolistas são trabalhadores comunitários E, assim sendo, tinham liberdade de circulação dentro do espaço europeu. Valls, que é também um trabalhador europeu, é contra a independência da Catalunha: um europeu, contra o nacionalismo. Se circula bem a bola, não sei. Mas aconselhava-lhe um bom empresário.
Quim Torra é a nova aquisição do Puigdemont FC. Esta tarde, vão dar uma conferência de imprensa conjunta, em Berlim. Não sei porquê, mas Quim Torra parece mais nome de reforço do Salgueiros ou do Amora.
Puigdemont quer resolver a questão da Catalunha: "lá fora", com Rajoy. Vamos resolver isto "lá fora" é uma coisa que soa a macho latino à pancada, junto à taberna. Mas, vindo destes dois, será uma coisa diferente. Antes do "lá fora", Puigdemont vai esperar - até ter a certeza que ninguém o vai magoar. E Rajoy vai estudar a constituição - para ter a certeza que os hematomas estarão de acordo com as regras.
Este fim de semana há taças no futebol. Em Portugal, joga-se a Taça de Portugal. Em Espanha, a Taça do Rei. Em Portugal, toca-se o hino de Portugal. Em Espanha, ameaça-se assobiar o hino de Espanha. Porquê?
Porque as equipas finalistas são o Barcelona e o Atlético de Bilbau. Duas equipas, de duas regiões espanholas com correntes independentistas: a Catalunha e o País Basco. O governo espanhol já veio pedir para se respeitar o hino e as instituições. Uma das instituições é a família real. E verdade, a Taça do Rei é entregue pelo… rei. Que também está sob ameaça de vaias e assobios.
Isto não faz sentido. As equipas jogam a competição e só agora é que repararam que jogaram com equipas espanholas? E só agora é que reparam no nome da competição?
Claro que não. O futebol espanhol está no topo do mundo. O mundo vai estar de olhos postos em Barcelona. E, para alguns defensores da independência, esta é uma oportunidade, que não se pode desperdiçar.
O desporto rei tem destas coisas. Ou então, nada disto tem a ver com o desporto. Nem com o rei.