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No livro "Uma terra prometida", Obama aborda a saída americana da crise. Apesar de, na altura, se ter saído bem, foi muito criticado por se ter voltado, rapidamente, à normalidade - sem ter aproveitado a crise para definir "um novo normal". Isso passava por identificar as causas da crise, criminalizar os responsáveis, definir novas regras, proteger os mais indefesos. Obama compreende as críticas e, de certa forma, partilha-as. Mas, defende que era urgente manter a ordem de pé, antes de a mudar. Porque, perante uma crise, quem sofre primeiro, e durante mais tempo, são os mais desprotegidos. A crise a que Obama se refere é a crise financeira de 2008, mas é impossível não pensar na crise atual. Durante o seu mandato, Obama foi criticado à esquerda e à direita; por democratas e republicanos; conservadores e progressistas. Porque fez demais, ou de menos; porque foi demasiado rápido, ou lento; demasiado conservador, ou liberal. Fica, no entanto, a convicção de que tentou, sempre, pesar os prós e os contras, em cada decisão. Barack é sólido. Obama, mas não cai.
Afinal, o que é um herói? Depende do lado da barricada. Xanana Gusmão, por exemplo: era um terrorista, para o regime indonésio; e um herói, para os timorenses. Nelson Mandela: era um líder subversivo, para o governo branco da África do Sul; e um herói, para o mundo inteiro. Mas, para o homem que quer construir um muro entre o México e os Estados Unidos, não há barricadas. John McCain é um herói de guerra, para os americanos; mas não era um herói, para Donald Trump. Porque se fosse, defendeu Trump, não tinha sido preso pelos vietnamitas. Trump é assim: vê o mundo pelos olhos de Hollywood. Herói é o Rambo.
Só que, entretanto, Trump mudou de opinião e, agora, diz que McCain é um "herói americano". Porquê? Porque o senador, que foi candidato republicano contra Obama, votou a favor do fim do Obamacare. O actual presidente quer acabar com o sistema de saúde, criado por Barak Obama. E quer criar um novo, que ainda não se sabe o que é, mas que será "espetacular", nas palavras de Trump. Só que as palavras de Trump são voláteis, como se vê no caso de McCain. Alguém que arrisca a vida numa guerra, em nome do seu país, não é um herói. Herói é quem vota Trump. Herói é quem lhe der jeito. Herói é ele próprio.
No fundo, Donald Trump, é isto: um herói com o Rambo de fora.