Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Pedir o orçamento

por Miguel Bastos, em 26.10.21

pastel carne.jpg

"Pago já", dizia o cartaz, "ou é melhor pedir um orçamento?" Todos se riram, menos eu. Não percebi a piada. Explicou-me um dos candidatos da lista C: o atendimento, no bar do liceu, estava cada vez pior; os preços estavam sempre a mudar; o pré-pagamento obrigatório era uma descriminação. Daí a piada: "percebeste"? "Mais ou menos", respondo. Faltava-me perceber a palavra "orçamento". "Acho que é a fatura", dizia o Zé. "Não, acho que é a senha", dizia o João. "Não é a mesma coisa?" "Não, porque a fatura pagas depois". "E a senha?", insistia o Zé. "A senha pagas antes". "E o orçamento?", perguntei. "Então, o orçamento..." Continuava sem perceber o significado, mas já dava para ver que não era o único. "A ideia", insistia a consciência política do grupo, "é gozar com a burocracia do bar, percebeste?" "Acho que sim", disfarcei. Agora, tinha mais uma palavra para descobrir no dicionário: "burocracia". Agora, que é como quem diz. Agora, estava demasiado entretido com um pastel de carne, ainda quente, acabado de sair do forno. Continuava sem saber o que era o orçamento. Mas percebi, logo, que era algo que não se devia decidir a quente.

Autoria e outros dados (tags, etc)

... foi num bar gay

por Miguel Bastos, em 14.06.16

bandeira gay.jpg

 

Tenho estado atento às reações ao ataque terrorista em Orlando. É impressão minha, ou as pessoas estão-se a indignar, com muita moderação?

 

Haverá razões para isso? Já tinha pensado nalgumas razões. Por exemplo, no Europeu de futebol. Há luta de claques, greves, manifestações e, até, ameaças de terrorismo no Europeu. Mas, em Orlando não houve uma ameaça. Foi, mesmo, um ataque.

 

É certo que foi em Orlando. Não foi em Nova Iorque ou Londres ou Paris. Isso tem importância e será outra razão. Mas é inevitável chegar ao bar. Era um bar gay ou, se preferirem, LGBT.

 

As reações foram cautelosas. As notícias também. Como falar do assunto, sem ferir suscetibilidades? Houve demasiado cuidado com as palavras. João Miguel Tavares aborda (e bem) o assunto, no Público de hoje. Diz-nos, por exemplo que não faz sentido discutir se este foi um atentado terrorista ou um atentado homofóbico. Ele diria que foi “um terrorista assassinou 50 pessoas num bar gay americano”. Parece óbvio, mas ninguém disse. E era importante que o dissessem. Até porque terá sido o pior desde, pelo menos, o 11 de Setembro. E não parece… Toda a gente quis ser Charlie, mas ser Orlando parece mariquice.

Autoria e outros dados (tags, etc)


Mais sobre mim

foto do autor


Calendário

Outubro 2024

D S T Q Q S S
12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031

Pesquisar

  Pesquisar no Blog

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D