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E pronto, está tudo bem quando acaba em bem. O CDS censura. O PR demite. A ministra sai. Costa aceita. Passos acusa. A TV aplaude. E o país recolhe às cortes. De onde nunca se viram árvores. Muito menos, florestas.
Está aí o “tempo Novo”, de que falava Sampaio da Nóvoa. O tempo novo chegou, mas sem Nóvoa. As eleições legislativas já tinham dado uma derrota ao PS. Mas, mesmo assim, António Costa formou governo. Mesmo sem ter vencido, mesmo sem coligação. Mas com o apoio da esquerda, que esteve sempre fora do “arco da governação”.
Depois disso, Marcelo venceu as eleições, sem depender da simpatia dos partidos que o apoiaram, ou toleraram. O “tempo novo”, começado com António Costa, seguiu, com Marcelo. A sua tomada de posse em vários atos, e em vários dias, apagou as últimas resistências. Em Lisboa, foi a pé para o Parlamento, teve uma cerimónia espiritual com as várias religiões e um espetáculo musical com músicos populares. No Porto, desfilou nos Aliados, telefonou para a Rádio Comercial e visitou o Bairro do Cerco, com a população a aclamar “Marcelo,Marcelo”.
Foi, também, no Porto (Gondomar, vá!), que o CDS elegeu a sucessora de Paulo Portas. Assunção Cristas vai-se distanciando do PSD e aproximando de António Costa , ao realçar que o voto útil já não faz sentido. O importante é quem tem condições de formar governo. Por isso, as pessoas devem votar no CDS e não no PSD.
Este é o “tempo novo”. Surpreendentemente, tem política. Quem diria?
Assunção Cristas está em campanha para a presidência do CDS. Na terça feira, deu um “Oscar” de realizador a António Costa, pelo melhor filme de ficção. Ontem, falou de um sonho cor de rosa, “um cor-de-rosa bastante avermelhado”. No primeiro caso, Assunção Cristas quer "interromper este filme”. No segundo caso, talvez não seja preciso fazer nada, porque o "despertador de Bruxelas acordou Costa do sonho cor-de-rosa”.
Formada na “Universidade do soundbite”, Assunção Cristas gosta de metáforas e trocadilhos. Eu, também gostava de sugerir alguns. Por exemplo, sobre a vitória de Marcelo: “É a vitória da esquerda da direita e a derrota da frente de esquerda”. Ou sobre o projecto de orçamento: “Costa não é Fitch”. O próprio nome da candidata dá para imensos trocadilhos. Sobre a sua candidatura: “A Assunção de Cristas: ex-ministra assume candidatura à liderança do CDS”. Sobre a sua atitude “Assunção levanta a Crista”. E por aí fora.
A candidata diz que não é muito ideológica, mas assume-se como democrata-cristã. Podia fazer um trocadilho com “democrata-crista”, mas isso seria demasiado óbvio.