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"De novo vieste em flor / Te desfolhei"
Gosto pouco de ficção científica. Porém, dei por mim a imaginar uma coisa que se enquadra no género. Num futuro distante, as crianças deixam de ir à escola para terem aulas, à distância, através de uns dispositivos sem fios que lhes permitem ter aulas de matemática ou geografia, enquanto vagueiam pela casa. Fica o aviso, George Lucas, se quiser fazer um filme sobre isto, vai ter que me pagar os direitos.
A Filarmónica de Berlim tem samba no pé? Tem, pois! Na realidade é um "choro", que se deve dançar com a alegria de outros carnavais. Claro que ter um maestro como Daniel Barenboim - um judeu de origem russa, nascido em Buenos Aires e cheio de música e de mundo - ajuda a transformar qualquer pé-de-chumbo num Rei Momo.
Leio esta manhã: "Marcelo Rebelo de Sousa abre a porta à venda de livros". Pelo que percebi, as pessoas não andam a ler, porque a venda de livros tem estado limitada. A partir de hoje, as pessoas vão desligar as novelas e os futebóis, para se dedicarem (finalmente) àquilo que mais gostam: velejar na epopeia grega, desbravar o existencialismo francês, mergulhar no romantismo alemão. Cuidado Cristina, não abordes a lírica camoniana, no programa da manhã, e vais ver as audiências a cair a pique! Ou é isto, ou não estou a ver bem o problema. Excesso de Camões.
Por vezes, o amor chega de mansinho. Outras vezes, chega como um furacão. E pode, até, chegar das duas formas, ao mesmo tempo - como nesta canção, de Neil Young. Numa altura em que andamos deficitários de coisas bonitas, o Pedro Ferreira anda a criar e a distribuir coisas que valem (mesmo) a pena. Da Suécia, com amor: Tilde.
(Ouvimos Godinho, à hora de dormir)
- Esta música pareces tu a brincar com o mano, diz o mais velho.
- Porquê?, pergunto eu.
- Repara na letra: "Se morreres só te peço/Da morte volta sempre em vida".
- E...?
- Parecem as vossas brincadeiras, quando o mano te quer matar e tu começas a impor condições.
É verdade, costumo negociar as condições da minha morte com o mais novo. Eis alguns exemplos:
- Pai, vou-te matar!
- Ok, filho, mas mata-me ao pé do sofá, para eu cair com algum conforto.
Ou:
- Pai, vou-te dar um tiro.
- Certo, mas aqui está muita gente. Mata-me num local onde eu tenha mais privacidade.
Ou, ainda:
- Oh não, pai, acho que vou morrer!
- Tudo bem, filho, podes morrer. Mas, não te esqueças que o jantar é às oito. Se te atrasares, a mãe fica preocupada.
Eu e os meus filhos morremos muito, mas sempre com responsabilidade. Deve ser o amor, "Às vezes o amor".
O Dinis parecia um "yuppie" do cinema: a mesma forma de vestir e de calçar; o mesmo tipo de penteado; o mesmo gosto por relógios, carros e mulheres; o mesmo o pragmatismo; os mesmos princípios, ou falta deles. Podem ver o Dinis nos filmes sobre Wall Street, de Oliver Stone e de Martin Scorsese. Quando falava com um cliente, o Dinis dizia "tu vales 10% da minha faturação, tu vales 10% do meu tempo". Se lhe pediam mais tempo, negociava: em dinheiro. Não dava tempo de antena - a ninguém. Nem um minuto, para além da faturação. Custa a admitir, mas, talvez, o Dinis tivesse alguma razão: 10%, pelo menos.
A dada altura, deixei de ver telenovelas. Mas lia os resumos, nos jornais. Assim, não perdia tempo, nem uma pitada da história, nem uma conversa com a vizinhança. Acho que se devia fazer o mesmo com os debates presidenciais. Com três debates numa noite, é impossível acompanhar todas as peripécias. Ontem, por exemplo, assisti aos debates entre Marcelo Rebelo de Sousa e João Ferreira e entre Marisa Matias e Ana Gomes, acabando, depois, por descobrir que o debate da noite tinha sido entre Vitorino Silva e André Ventura. Os debates deviam ser gravados, como as novelas. Assim, eu lia os resumos, nos jornais, e optava pela melhor trama. E as televisões podiam fazer boas promoções com imagens emotivas e canções de ir às lágrimas. Conseguem imaginar o impacto da promoção do debate entre Vitorino Silva e André Ventura ao som das "Pedras na calçada", de Paulo Gonzo?
Para evitar hipertensão e obesidade, decidi cortar no Salieri. Compensarei com Mozart. Bom ano.